ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Articulação do Audiovisual e das Artes no Espaço da Instalação |
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Autor | Deborah Frida Rosenfeld |
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Resumo Expandido | As obras de arte contemporânea que se utilizam de imagens em movimento, em particular as instalações, bem como as apresentações Live Image ou Urban Screens colocam novas questões ao cinema. Não permitem que se pense o cinema sendo exibido apenas dentro de uma sala exclusiva para esta finalidade, nem tampouco a projeção/exibição necessariamente em apenas uma tela.
Nestas novas manifestações artísticas, estão em jogo a obra audiovisual em si, cada tela em relação às outras telas e em relação ao espaço arquitetônico e/ou escultural da obra. A obra apresentada em forma de instalação com múltiplas telas fragmenta a narrativa, interrompe sua coerência espacial e temporal. Neste espaço se instala o espectador que muitas vezes se torna um interator com a obra, participando de seu processo de criação ou ao menos atualizando a presentificação da obra. Certas obras exigem múltiplos pontos de vista do espectador. Este é o caso de Sleepwalkers do artista Doug Aitken, onde as oito projeções simultâneas em torno das fachadas do MOMA de Nova York se davam de maneira a ser impossível ao espectador/transeunte ter uma apreensão da totalidade do trabalho de apenas um ponto de vista. Para isto ele precisava percorrer as ruas onde se encontram as fachadas do museu, o que o tornava um participante ativo do projeto. Cada espectador/transeunte estabelecia o seu próprio percurso pela obra com o seu próprio tempo de fruição. Para o curador Klaus Biesenbach1, Aitken trabalhou com a abordagem do escultor ao tentar dissecar a narrativa em vários plots diferentes e vários níveis de tempo diferentes em várias telas para fazer o fruidor da obra consciente do tempo e do espaço à medida em que se movia em torno da obra. Os trabalhos audiovisuais concebidos para serem projetados/exibidos fora do espaço convencional do cinema operam em conjunto com a linguagem das artes, da arquitetura e muitas vezes inclusive com o meio urbano. A construção do sentido de uma obra audiovisual depende do espaço onde ela se encontra e da relação que ela estabelece com o fruidor e com este espaço. O sentido é diferente quando o audiovisual é exibido em uma tela de cinema ou quando este integra uma instalação. Como exemplo temos obras da artista Eija-Liisa Ahtila que produz peças audiovisuais de maneira que a mesma peça, com pequenos ajustes, possa ser veiculada em cinema, televisão ou instalações com múltiplas telas, produzindo significados diferentes em cada meio exibido. Na instalação é o corpo inteiro enquanto órgão perceptivo que participa da obra e não apenas visão e audição como no cinema. O cinema tem seus limites expandidos enquanto meio. Trata-se da criação de um espaço híbrido entre arquitetura, audiovisual e escultura. A especificidade do meio audiovisual (cinematográfico ou videográfico) é colocada em jogo frente à convergência dos meios, sua hibridização ou sua mestiçagem. O fato da absorção de todos os meios audiovisuais pelos meios digitais concorre nesta direção. “A instalação é implacável em sua recusa de especificidade, preenchendo galerias com misturas de imagens de vídeo e narrativas gravadas” (KRAUSS: 2010, xiii). Neste contexto, muda a estratégia de análise de uma obra. Já não se trata mais da peça audiovisual em si, mas de que maneira ela se mostra ao espectador, quais relações que ela estabelece com este espectador e com o espaço onde ambos se encontram, obra e espectador. Com este trabalho pretende-se observar instalações que utilizam imagens em movimento projetadas ou (a)presentadas em telas, monitores ou fachadas arquitetônicas e, à luz destas obras, discutir os conceitos de condição pós-mídia (Rosalind Krauss), interatividade, ilusão e imersão, bem como procedimentos discursivos de ruptura de telas e de interrupção de narrativa. Assim, espera-se iluminar a articulação dos campos do audiovisual e das artes. (1) W Magazine, Janeiro/2007, pp.112-116. Em 18/10/2009, disponível em: http://www.creativetime.org/press/coverage/2006/010007_Doug%20Aitken_W.pdf |
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Bibliografia | BISHOP, Claire. Instalation Art. London: Tate, 2005.
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