ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Estrelas transmidiáticas no cinema brasileiro recente |
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Autor | Katia Augusta Maciel |
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Resumo Expandido | O artigo põe em debate a questão de que estrelas vindas da música ou da televisão, por exemplo, assim como as estrelas do rádio no passado, não apenas imprimem uma significação aos filmes em que atuam, mas também contribuem para atrair públicos específicos e para inserir o cinema no cenário atual de convergência midiática (Jenkins, 2009). A literatura existente a respeito da intermedialidade e de processos de convergência entre meios tem enfocado questões de serialização entre cinema e TV, usos do cinema na internet, exibição de conteúdos em telas de telefones celulares, e as interconexões entre cinema, televisão e videogame. Pouca atenção tem sido dada à circulação de estrelas entre os meios e aos significados e impactos desse processo. O artigo busca demonstrar que é importante reconhecer que as estrelas transmidiáticas trazem implicações diretas para o sentido do filme, para o discurso que a obra constrói e o imaginário que promove. Dessa forma, as estrelas contribuem para estabelecer conexões entre os filmes e o público doméstico, funcionando em última instância para o fortalecimento da indústria brasileira do audiovisual.
São consideradas estrelas transmidiáticas aquelas que circulam em diversas plataformas, e que apesar de ancoradas numa tradição artística em particular, com uma audiência específica, de alguma maneira conseguem interessar e vender a um público mais amplo (Dyer, 1986). É o caso, por exemplo, de Paulo Miklos, que além de multi-instrumentista, cantor e compositor, tem atuado no cinema e na televisão desde sua participação bem sucedida no filme O invasor (2001). O argumento apresentado no artigo é o de Miklos e o rapper Sabotage, que também atua no filme, personificam o caráter inovador e de vanguarda com que O invasor busca ser identificado. Por isso, eles desempenharam um papel fundamental na promoção do filme em diversos festivais pelo Brasil, acompanhando o diretor Beto Brant. Outros exemplos que figuram no artigo incluem desde as estrelas do teatro de revista que garantiram o sucesso dos filmes cantantes entre 1908 e 1911, até as cantoras do rádio que foram determinantes para as Chanchadas dos anos 30 aos anos 50, pelo menos (Ramos e Miranda, 2000). Exemplos mais recentes incluem Os Trapalhões e Xuxa que estabeleceram grandes franchises transmidiáticos a partir dos anos 70 e 80; a participação de Seu Jorge na favela franquiada promovida pelo filme Cidade de Deus (2002); e a associação de músicos ligados ao movimento Manguebeat no cinema produzido em Pernambuco desde O Baile Perfumado (1997); além dos atores que circulam entre o teatro, a televisão e o cinema nos blockbusters da Globo Filmes. Os exemplos são muitos e continuam a se multiplicar com a grande quantidade de “documentários musicais” lançados com sucesso recentemente nas salas brasileiras, como por exemplo Simonal, ninguém sabe o duro que dei (2009) ou O homem que engarrafava nuvens (2009). A proposta desse artigo, portanto, é analisar alguns desses exemplos para investigar a relação das estrelas transmidiáticas com a formação de público e o fortalecimento da indústria desde as primeiras produções audiovisuais no país, e também propor que essa área seja mais explorada dentro da discussão maior da cultura da convergência no momento atual. |
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Bibliografia | Bicknell, J. (2005) “Just a Song? Exploring the Aesthetics of Popular Song Performance” in The Journal of Aesthetics and Art Criticism.
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