ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | O Production Design e a criação de atmosferas no cinema |
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Autor | India Mara Martins |
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Resumo Expandido | Mais do que a composição visual do filme, a atmosfera é algo intangível, que resulta de uma série de combinações bem sucedidas que começam na direção de arte, se transformam em imagens com a direção de fotografia e se concretizam durante a mise-en-scène. É nesta combinação que encontramos o que alguns chamam de magia cinematográfica, aquela sensação que permanece quando o filme acaba. É neste sentido, que Inês Gil diz que “pode-se definir a atmosfera como sendo um espaço mais ou menos energético, composto por forças visíveis ou invisíveis, que têm o poder de desencadear sensações e afetos nos receptores. É a natureza dessas forças, o seu ritmo e a sua relação que determinam o seu caráter" (GIL, 2005).
Embora tenha esta ligação com o espaço, a atmosfera não deve ser confundida com clima ou ambiente. A Enciclopédia Universalis define o clima como uma série de estados de atmosfera. Pode ligar-se estes “estados naturais” aos estados do clima cinematográfico. A atmosfera é uma conseqüência do clima. É porque existe um certo tipo de clima que uma atmosfera determinada pode se manifestar. Por exemplo, num clima de terror, várias atmosferas coexistem: tensa, pesada, densa, etc. O clima é fundamentalmente mais geral do que a atmosfera. Considerando que no cinema a atmosfera é o que dá o tom à representação, o que a caracteriza atribuindo-lhe propriedades, qualidades e intensidade, vamos utilizar como parâmetro para nossa reflexão o que Henry Alekan, diretor de fotografia francês, define como atmosfera cineplástica: “A atmosfera é a integração no complexo plástico de elementos ativos (dinâmicos) - personagens e objetos, e elementos passivos (estáticos) – lugar e cenário, num clima cuja origem é sempre psicológica. A atmosfera é o ligante da componente fílmica ou pictórica. É a atmosfera que dá o tom à obra. É através dela que o visual relembra à nossa memória – que acumulou as nossas experiências vividas, que os pendências psíquicas, que se traduzem por desconforto, tristeza, mistério, medo, angústia, felicidade, alegria, etc. (Henry Alekan. Des lumières e des Ombres, Paris, Le Sycomore, 1984, ´n ; 67). De certo modo, a definição proposta por Alekan coloca a criação da atmosfera como uma responsabilidade tanto da direção de arte como da direção de fotografia. Estas duas áreas, no cinema norte-americano, estão subordinadas ao Production Design. Como existem dúvidas sobre as responsabilidades e os limites de cada área esclarecemos alguns aspectos. Por suas especificidades técnicas, conceituais e estéticas, a direção de arte cria a base material da visualidade da imagem que será valorizada pela luz, pela decupagem, pelo registro efetuado pela câmera, pela montagem e pelo som. Ela estrutura um conjunto plástico cuja materialidade escapa no momento da projeção, sendo transformada em imagem fotográfica. Neste contexto a direção de arte é responsável por toda pré-produção e produção, que antecede a filmagem, momento em que entra em cena o Diretor de Fotografia. Até os anos 30, o título de Art Director - Diretor de Arte geralmente significava a mesma coisa que Production Design, mas quando David Selznick atribui este título a William Cameron Menzies por seu trabalho em E o Vento Levou (Fleming, 1938), ele passa a ser utilizado de um modo geral no cinema norte-americano. Atualmente o Production Design, ou Design de Produção, desenvolve o projeto visual para a produção inteira, incluindo sets, apoio, figurinos, paleta de cores, iluminação e, freqüentemente, o ritmo de um filme (WARD, 1994). Apesar de estar sempre associado ao cinema de ficção, podemos encontrar Production Design em documentários (Errol Morris), documentário animado, animação, videoclipes, seriados e programas televisivos e etc. No cinema brasileiro, que apresenta equipes reduzidas, geralmente este papel é exercido pelo diretor de fotografia. Independente do título atribuído ao profissional desta área ele é de vital importância para a atmosfera do filme. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. A imagem, São Paulo, Papirus, 2004.
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