ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Livro-objeto e a escritura cinematográfica |
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Autor | João Luiz Vieira |
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Resumo Expandido | Dando prosseguimento a uma pesquisa inicialmente apresentada na SOCINE/Ouro Preto, a intenção aqui é ampliar o âmbito das teorias de adaptação presentes na área maior da convergência entre Estudos Cinematográficos e Literatura e Outras Artes—especialmente aquelas que insistem na especificidade narrativa de cada meio (George Bluestone, James Naremore, parte de Robert Stam, entre outros)—para redirecionar olhares para o próprio objeto livro e para as diferentes formas de leitura/escrita-em-cena, tanto da personagem quanto do espectador. O interesse aqui recai nas passagens entre diferentes mídias, como a escrita, materializada no próprio livro e a audiovisual, com seus particulares códigos e linguagem. Refiro-me especialmente a diversos momentos de manipulação de livros em cena, tanto no ato de leitura (um bom exemplo é o curta Ohio Impromptu, adaptação de uma micro peça de Samuel Beckett realizada pela BBC em 2001 e dirigida por Charles Sturridge) como no de escrita, seja na representação do objeto-livro enquanto depositário de conhecimento, seja, como no uso paradigmático de capas de livros como substituição para diálogos, conforme utilizado por Godard em Uma mulher é uma mulher, de 1962). Sem contar, naturalmente, com os inúmeros exemplos do uso de capas de livros nas aberturas (créditos) de centenas de filmes, recurso que tanto pode servir como estratégia de validação do cinema ainda buscando reconhecimento como “arte legítima” ou, mais afinado com a chamada convergência tecnológica da contemporaneidade, o livro como objeto-portal para narrativas que se aproximam dos games, como na animação Deu a louca na Chapeuzinho (2007, dirigido por Cory Edwards). Um outro objetivo convergente é a tentativa de aproximar mais pelas semelhanças do que pelas diferenças, determinadas dicotomias tradicionais que opõem, na ótica das especificidades, pares como palavra e imagem, página e tela(s), livro e filme, leitor e espectador/observador.
A perspectiva teórica agora amplia-se para incorporar conceitos de passagem, trânsito e contaminação entre midias (transmidialidade) para refletir, ao final, nas transformações atuais por que passam nossas relações tanto com o cinema (e todas as suas novas janelas dele tributárias) como com o livro, também com promessas tecnológicas de intenso investimento, dos quais o kindle parece ser a ponta de um enorme iceberg. No horizonte, reflete-se sobre diferentes e possíveis formas de escritura audiovisual, centradas, ainda, na tradição do cinema. O interesse aqui recai em conceitos de passagens entre diferentes mídias, como a escrita, materializada no livro enquanto objeto e a audiovisual, com seus particulares códigos e linguagem. A perspectiva teórica se apóia em conceitos de intermidialidade, especialmente conforme trabalhados pela escola canadense representada por Walter Moser e pelas contribuições de pesquisadores que gravitam em torno do grupo Intermidialités, da Universidade de Montreal e também dos alemães Jörg Helbig e Joachim Paech, entre outras abordagens. |
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Bibliografia | Cahiers du GERSE, n° 2, « e corps différé ou la force du regard au cinéma », Charles Perraton (dir.). Montreal : Université du Québec à Montréal, 1998.
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