ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | A Trajetória do Documentário Brasileiro: da produção à exibição |
|
Autor | Teresa Noll Trindade |
|
Resumo Expandido | O crescimento da produção e a valorização do documentário nacional nos últimos anos são indiscutíveis e as razões para estes fatos podem ser múltiplas. Podemos pensar que mudanças estruturais favoreceram o aumento da produção nacional desse tipo de filme, dentre as quais: o barateamento dos custos de produção, distribuição e exibição, relacionadas com a tecnologia digital; a criação e proliferação de festivais e editais de financiamento para a área. Ao lado desses elementos houve, também, um crescimento da produção intelectual e da crítica em torno do documentário, envolvendo desde publicações destinadas à este tipo de filme até a criação de cursos de graduação e de pós-graduação.
O ano de 2004 foi marcado, segundo Amir Labaki, pelo “boom do documentário”, pois houve o lançamento de 16 filmes em circuito comercial de cinema, cifra essa que, comparada com os cinco lançamentos do ano anterior, representa um incremento quantitativo substancial. Os anos seguintes mostrarão ser esta uma tendência permanente de crescimento. Porém, é importante ressaltar que este “boom” não necessariamente fez com que todos os documentários chegassem ao cinema, e mesmo aqueles que chegaram, nem todos tiveram uma resposta positiva de bilheteria, pois foram raros os documentários que alcançaram a marca de 50 mil espectadores. Mesmo estes, ficaram restritos às capitais culturais (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília). Ainda assim, a partir de 2004, segundo Consuelo Lins, estas boas bilheterias têm se tornado mais frequentes: “Embora o documentário tenha correspondido, em 2007, ao segundo “gênero” com maior número de lançamentos no mercado brasileiro (posicionando-se depois do “drama” e superando “comédia”, “animação”, “aventura” e “ação”), os filmes brasileiros são lançados de modo tímido e restrito. Mas as exceções se multiplicam”. Esse interesse pelo documentário não se restringe só ao Brasil, mas a outros países como os Estados Unidos e França. A exibição de filmes brasileiros em salas de cinema não é um problema restrito ao campo do documentário. Pelo contrário, a ficção sofre, embora em doses um pouco menores, do mesmo mal. O número reduzido de espectadores que frequentam salas exibindo filmes nacionais, não é um problema novo. O que talvez venha agravando essa situação é a proliferação do modelo Multiplex - complexo de salas de cinema - que exibem, em sua maioria, filmes norte americanos. O que parece ser destinado ao cinema brasileiro é o acesso a poucas salas desse “complexo”, nos horários comercialmente pouco nobres e com reduzidíssima permanência em cartaz. O padrão mais comum é o da entrada direta dos filmes nos circuitos alternativos onde há a possibilidade de exibição em horários de maior público e permanência maior, principalmente em relação ao documentário. Outro elemento essencial para compreender o momento que atravessa o documentário no Brasil é a tecnologia digital. Com ela barateou-se o custo de produção, distribuição e também de exibição. Neste ponto é importante constatar que o considerável aumento da produção brasileira não foi acompanhado, com o mesmo vigor, pelo sistema exibidor (embora tenha havido uma abertura de espaço para documentários, o número de salas de exibição se manteve praticamente o mesmo, como pequenas alterações mais recentemente). Isto ocorre, grosso modo, por não se ter conseguido constituir nenhum tipo de estratégia/mecanismo que proporcionasse, juntamente com o crescimento da produção, um similar efeito no sistema distribuidor e consequentemente no exibidor, levando o documentário a buscar as salas de cinema cada vez menores e localizas em redutos culturais, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. |
|
Bibliografia | GOMES, Paulo Emílio Sales. Cinema: trajetória do subdesenvolvimento. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
|