ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | A REPRESENTAÇÃO DAS MULHERES NORDESTINAS NO CINEMA NACIONAL |
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Autor | Carla Conceição da Silva Paiva |
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Resumo Expandido | O filme estabelece uma mise em scène social para aqueles que o assistem e produz discursos que ajudam a dar visibilidade a diversas representações sociais, nos permitindo abracar os enfrentamentos, as permanências e as mudanças presentes no campo social (ROSSINI, 2004). Compreendidas como “práticas que visam fazer reconhecer uma identidade, exibir uma maneira de estar no mundo, significar simbolicamente um estatuto e uma posição (CHARTIER, 1990, p. 23), toda representação social se define por seu conteúdo, composto por conceitos e imagens criados por alguém a respeito de um objeto, de forma a se relacionar com outras pessoas. Assim, o próprio enquadramento; os planos; a relação entre o campo e o fora de campo, o trabalho sonoro, bem como outros componentes do espaço fílmico nacionais podem se revelar como uma construção identitária, uma outra possibilidade de interpretação da realidade brasileira. Nesse cenário, a ficção, para responder às demandas de formação da identidade nacional, teve papel preponderante na construção do imaginário coletivo sobre o nordeste, projetando tanto no interior como no exterior do país, mitos ligados ao sertão e ao litoral dessa região (DEBS, 2007). Desde então, a temática nordestina se delineia, chamando atenção por sua singularidade e a ancoragem no discurso sobre o homem sertanejo e signos imagéticos como o vaqueiro, o coronel, o movimento messiânico e o cangaço, merecendo destaque a representação da mulher nordestina que também se apresenta como um signo de nordestinidade, cujo principal aspecto ressaltado é a masculinidade, traduzida na expressão “mulher-macho”. Vale ressaltar, que essa, quase sempre, aparece em subalternidade em relação ao homem, uma tendência que Rosália Duarte (2002) frisou como comum em relação ao protagonismo feminino em narrativas fílmicas, resultado de “definições misóginas do papel que cabe às mulheres na sociedade: casar-se, servir ao marido, cuidar dos filhos, amar incondicionalmente. Mulheres livres, fortes e independentes são freqüentemente apresentadas como masculinizadas, assexuadas, incessíveis e traiçoeiras” (p. 54). Face ao exposto, considerando que na década de 1980, “as idéias feministas difundiram-se no cenário social do país, produto não só da atuação de suas porta-vozes diretas, mas também do clima receptivo das demandas de uma sociedade que se modernizava” (SARTI, 2009, p. 8), pretende-se analisar quais as representações das mulheres nordestinas presente no cinema brasileiro da década de 1980, por evidenciar a existência de um protagonismo feminino nas narrativas cinematográficas produzidas sobre o nordeste nessa década., identificando as mulheres nordestinas presentes em Gabriela (1983), Parahyba Mulher Macho (1983) e A hora da estrela (1985); compreendendo suas caracterizações e seus comportamentos no decorrer da trama, bem como que tipo de relações são estabelecidas entre o discurso do cinema e as “bandeiras” do movimento feminista, defendendo a proposição de que o cinema nacional e suas representações sobre a identidade das mulheres também foi palco para os grupos feministas alastraram-se pelo país, especificamente no nordeste, onde a violência contra a mulher era algo institucionalizado. Considerando que na realização de uma pesquisa sobre uma produção cinematográfica e relações de gênero, existem dois focos de investigação: um sociológico e outro do campo da semiologia ou linguagem cinematográfica (KAPLAN, 1995), serão utilizados como métodos de estudos a análise do discurso francesa e a análise da imagem. |
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Bibliografia | ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval. Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes. 2 ed. Recife: FJN, Ed. Massangana; São Paulo: Cortez, 2001.
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