ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Os editais de incentivo e o cinema paulistano na 1ª década do séc XXI |
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Autor | Layo Barros |
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Resumo Expandido | Desde a rejeição ao debate cultural (alta cultura e baixa cultura) que marcou o início dos Estudos Culturais e revisou o pensamento da Teoria Crítica, o estudo sobre produção e política cultural vem sendo reformulado através da fusão ou não das heranças de cada escola (BRADFORD et al, 2000). Em se tratando de cinema, pensar sua produção traz ainda mais polêmica ao debate por se tratar de um meio marcado por uma imagem de indústria (studio system e o cinema norte-americano), mesmo tendo larga produção independente ou financiada pelo Estado.
No caso brasileiro, pouco se liga a imagem de indústria à de cinema, ficando este atrelado, principalmente, ao papel do Estado financiador (RAMOS, 1983 e SIMIS, 1996). A experiência estética do filme brasileiro reflete assim uma maior ou menor intervenção governamental em sua produção. Se por um lado não podemos ver o nosso cinema dentro de uma cultura viva e mutante em uma máxima ideal dos Estudos Culturais, também estamos longe de reduzi-lo ao determinismo econômico da Indústria Cultural. No panorama atual, após o surgimento das leis de incentivo e da Ancine, o cinema brasileiro passou a ser marcado por certa isenção governamental através de financiamento indireto. Logo, os editais e investidores passaram a ter papel fundamental na experiência estética final do filme brasileiro. Neste caso, a inserção de uma visão aberta da economia política aos estudos da cultura (BENNETT, 1992) se faz necessária para refletir a produção do cinema nacional no século XXI e sua recepção. A partir disso, temas e estilos recorrentes passaram a ser comentados na recepção da mídia como tendências dentro do novo cinema brasileiro: a estetização da favela, a volta do sertão nordestino, o boom das comédias cariocas, retratos históricos, os documentários com causa social, entre outros. As razões para esta situação passam por vários fatores que vão da busca do público por este tipo de obra a uma possível facilidade na busca de recursos financeiros com projetos como estes. O cinema paulistano, e principalmente o filme ficcional que retrata a cidade de São Paulo, pouco foi debatido dentro destas tendências ou mesmo enquadrado em outros vieses. A partir de análises dos resultados de editais e investidores, ao agrupar filmes paulistanos contemplados na primeira década do séc. XXI (2000 – 2009), este artigo unifica e diferencia ao mesmo tempo certos tipos de cinema – através do diretor, da produtora, do roteiro e outros – discorrendo ao final de uma contínua imagem de São Paulo como cidade infeliz. A discussão aqui não busca aprofundar sobre a análise fílmica das obras, mas na recorrência de certos temas e imagens de infelicidade em relação à cidade de São Paulo já presentes no roteiro selecionado, em conjunto com o background da produção e direção por trás do projeto. A relação da experiência estética da produção, do recurso econômico e do público, à luz das teorias anteriormente debatidas, é o foco principal para respostas desta possível agenda do cinema paulistano atual. |
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Bibliografia | BENNETT, Tony. “Putting policy into cultural studies”. In: Cultural studies. GROSSBERG, Lawrence, NELSON, Cary e TREICHLER, Paula (Ed). New York: Routledge, 1992.
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