ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Entre Canijo e Cassavetes – percurso por uma afinidade cinematográfica |
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Autor | Daniel Ribas |
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Resumo Expandido | As referências cinematográficas são um continuum recorrente nos estudos de cinema. Muitas vezes essas referências são pontos de partida ou de contacto com realidades sociais e cinematográficas quase opostas. O caso do cineasta João Canijo é paradigmático. Não há dúvidas de que, nos seus filmes, se sentem profundas pontes de contacto com toda a história do cinema português, desde os seus modos de produção até às afiliações estéticas e temáticas. Nesse sentido, Canijo prolonga algumas das preocupações centrais da Escola Portuguesa, sobre as quais já tive oportunidade de investigar (“João Canijo e a Escola Portuguesa”, 2009). Contudo, essas referências não permitem aferir a totalidade do cinema de Canijo e algumas das diferenças que persistem com o cinema português.
Parece pertinente, neste contexto, procurar outras referências que sirvam para perceber com mais detalhe a profundidade da obra de Canijo e dos seus propósitos criativos. Numa edição recente, no mercado português, de um DVD do realizador americano John Cassavetes foi incluída uma entrevista com João Canijo, onde este disseca alguns planos dos filmes inseridos nesse DVD, assim como alguns dos métodos criativos do autor. Para além desse facto, Canijo cita, recorrentemente, em muitas entrevistas, o autor americano como uma das referências maiores do seu pensamento cinematográfico. Nesse sentido, pretende-se que esta comunicação possa lançar pontes de diálogo entre a obra de Cassavetes e a obra de João Canijo, por forma a analisar quais os elementos comuns entre ambos. Desde logo, pode aferir-se que parte da afinidade estética passa pela construção metodológica do filme, sobretudo através da importância central da improvisação dos actores no espaço cénico e a sua relação com a mise-en-scène. Esse método, que é absolutamente fundamental tanto em Canijo como em Cassavetes, irá proporcionar uma particular concepção do espaço cinematográfico, sobretudo numa dimensão eminentemente realista de um cinema que vive das emoções interiores do actor. Essa constatação metodológica – que terá, certamente, que ser totalmente comprovada – vai pressupor, também, uma forte componente política dos filmes de ambos cineastas, mesmo que ela esteja apenas camuflada nos aspectos interiores da narrativa. Pretendemos, por isso, que esta comunicação tente aproximar-se de uma análise exaustiva entre as cinematografias dos dois realizadores, procurando, com isso, iluminar as escolhas estéticas, temáticas e metodológicas do realizador português João Canijo. |
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Bibliografia | - Baptista, Tiago (2008). A Invenção do Cinema Português. Lisboa, Tinta-da-China.
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