ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | A narrativa transmidiatica e a saga “O Crepúsculo” |
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Autor | Maira Valencise Gregolin |
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Resumo Expandido | O presente estudo propõe investigar um fenômeno da atualidade que os estudiosos das relações entre mídias e sociedade denominam “narrativa transmidiática” (em inglês, transmedia storytelling), por meio da análise da saga Crepúsculo (Twilight), da autora inglesa Sthefenie Meyer. Trata-se de um campo aberto à investigação, pois ainda há poucos estudos sobre essas experiências recentes de produção e circulação de conteúdos. O conceito de “narrativa transmidiática” foi introduzido por Henry Jenkins (2003) a fim de nomear experiências narrativas que se expandem em vários meios e/ou plataformas (meios físicos de distribuição, como computador, laptop, celular, televisão, revistas etc.).
A sua dimensão impressionante faz com que a transmidialidade seja, atualmente, uma das principais estratégias das grandes corporações produtoras de conteúdos midiáticos e tem em sua origem os avanços tecnológicos que fizeram surgir poderosas plataformas participativas (wikis) que permitem a criação de comunidades de fãs, transformando as formas de interatividade e, consequentemente, o copyright, a concepção de narrativa, de autoria e de leitor/espectador/jogador/consumidor. É o caso da saga Crepúsculo, constituída por quatro livros (Crepúsculo, Lua Nova, Amanhecer e Eclipse), sendo que os dois primeiros deram origem a filmes , que se expandiram em produtos distribuidos por diversas plataformas (histórias em quadrinhos; reportagens em revistas e televisão, posters, jogos eletrônicos, sites, blogs, quiz etc.) e deram origem a inúmeras comunidades de fãs. Os twilighters, só no site oficial brasileiro , já somam mais de 2 milhões e, operando em plataforma wiki, constroem de forma colaborativa intervenções narrativas, criando comunidades de conhecimento que compartilham e distribuem informações sobre a narrativa. O estudo do fenômeno da transmidialidade requer a articulação entre diferentes campos do conhecimento. A literatura sobre esse tema conta com um grupo pequeno, mas expressivo, de estudiosos, principalmente em torno das propostas de Jenkins, Scolari, Dinehart, Bardzell e outros. Esses autores formulam análises a partir de estudos “clássicos” sobre a cibercultura, as novas mídias e tecnologias e suas consequências culturais e políticas, como os de Pierre Lévy, Manuel Castells, Lev Manovich etc. Scolari (2009) propõe estudar as narrativas transmidiáticas a partir da união entre a semiótica e a narratologia. Integrada a outras disciplinas, a semiótica ajuda a compreender processos culturais como o que envolve a narrativa transmidiática. Quanto à narratologia (BARTHES et al., 1971; BREMOND, 1973; CHATMAN, 1978), é útil para a compreensão da narratividade, o funcionamento de seus elementos e a configuração da narrativa transmidiática. Acrescenta-se a esses dois marcos a necessidade de estudar a relação entre narrativas e seus leitores/consumidores, por meio de teorias do campo de estudos denominado narrative media studies ou transmedial narratology. Esses estudiosos vem desenvolvendo categorias analíticas que enriquecem as teorias tradicionais sobre a narrativa, sobre o papel dos autores/leitores e as estratégias de produção/interpretação do transmidiático (SCOLARI, 2009, p.06). Esse fenômeno tem consequências de grande amplitude que se evidenciam em aspectos sociais, culturais, econômicos, tecnológicos etc. Ao tomarmos Crepúsculo como objeto de análise, nosso objetivo geral é investigar o funcionamento e as configurações das narrativas transmidiáticas, sob três pontos de vista: econômico (wikiconomia), da narratividade (transformações pela cooperatividade dos usuários/leitores); da interatividade (constituição de comunidades de conhecimento e fan fictions). |
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Bibliografia | BARDZELL, S., WU, V., BARDZELL, J., & QUAGLIARA, N. Transmedial interactions and digital games. 2007.
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