ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Alma do Brasil de Líbero Luxardo: o cadinho de gêneros da cinematografia brasileira |
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Autor | Maria Ignês carlos Magno |
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Resumo Expandido | Líbero Luxardo, no intuito de reconstituir a história da derrota dos soldados brasileiros na Guerra do Paraguai, parte do livro homônimo de Visconde de Taunay, que narra o trágico episódio da Retirada da Laguna nos campos do Mato Grosso em 1867, durante a Guerra do Paraguai e por falta de recursos para tanto, aceita registrar as manobras dos soldados comandados pelo general Bertoldo Klinger, de Mato Grosso até Laguna, em 1931/32. Objeto de uma pesquisa em andamento, realizada pelo Grupo de Pesquisa Tecnologias dos audiovisuais e sociedade, o cinema de Líbero Luxardo, em especial a obra Alma do Brasil, foi escolhido porque nos permite, simultaneamente, discutir o filme como um das iniciativas inovadoras na produção do cinema brasileiro ao empreender o entrecruzamento de dois momentos históricos, 1867 e 1932, por dois tipos de registros: o factual (pelas manobras do exército de Klinger) e o ficcional (pela adaptação do livro Retirada da Laguna). Seguindo a estratégia de montagem paralela -por intercalar os distintos eventos históricos- pela qual Luxardo buscou criar imagens constitutivas da representação de povo e nação, as análises focalizarão as discussões sobre nações, culturas e identidades desenvolvidas nos anos de 1857 e 1932. Interessa também conhecermos como foi idealizado o enredo e o roteiro, como foram concebidas as filmagens, o elenco e histórias ocorridas durante as filmagens entre outros aspectos tecnológicos e de estilo que chamam a atenção. De uma vontade de filmar a adaptação de A retirada de Laguna de Alfredo d’Escragnolle-Taunay, até a sua execução, os caminhos foram tortuosos, mas levaram Luxardo e o co-produtor Alexandre Wulfes a um resultado inédito, pelo menos em termo de Brasil. Lembrando que a realização de maior repercussão de Luxardo foi Aruanã (direção, roteiro e produção; 1938), reputado como o precursor mundial do neo-realismo no cinema, iremos observar se Alma do Brasil poderia ser igualmente considerado um precursor do neo-realismo, pois possui características semelhantes, tais como: a mensagem ideológica de resistência, a protagonização (pelo menos na parte ficcional) por pessoas da realidade retratada, as pessoas vivendo em condições precárias e sem perspectiva de futuro, insucesso em todas as investidas por melhorias materiais e sociais. A parte ficcional tem imagens muito contundentes e trabalha apenas com atores não profissionais, à exceção de Conceição Ferreira, atriz portuguesa em turnê pelo Brasil. A outra parte do filme, a documental dos registros do movimento da tropa de Klinger, tem temporalidade desarticulada da parte ficcional, mas traz semelhanças interessantes aos filmes Roma, Città Aperta (1945) e Paisà (1946), ambos de Roberto Rossellini.
Para tanto, autores como Antonio Cândido, Sérgio Buarque de Holanda, Darcy Ribeiro, Silvio Romero, Gilberto Freire, Renato Ortiz entre outros, serão fontes e referências nos estudos sobre identidades e cultura brasileira do período em questão. No tocante aos estudos sobre gêneros, tecnologia e estilo cinematográfico, Rick Altman, Jean-Claude Bernardet, David Bordwell, Begoña Gutiérrez San Miguel, James Monaco, Steve Neale, Bill Nichols, Omar Rincón, Barry Salt, Andrew Tudor, Ismail Xavier. Amir Labaki, Silvio Da-Rin, Paulo Antonio Paranaguá, entre outros. |
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Bibliografia | ALTMAN, Rick. Film/Genre. London: BFI, 1999
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