ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Misturas e apropriações em “Os Trapalhões e o mágico de Oroz” (1984) |
|
Autor | Rogério Ferraraz |
|
Coautor | Marcos Aleksander Brandão |
|
Coautor | Celia Torres |
|
Resumo Expandido | Este trabalho, apresentado em conjunto com Marcos Aleksander Brandão e Célia Cristina Torres, propõe a análise do filme “Os Trapalhões e o mágico de Oroz” (1984), dirigido por Dedé Santana (1936-) e Victor Lustosa (1949-), com o objetivo de verificar como o grupo Os Trapalhões aproveita elementos dos filmes “O mágico de Oz” (The Wizard of Oz, 1939), de Victor Fleming (1889-1949), com Judy Garland (1922-1969), e “O mágico inesquecível” (The Wiz, 1978), de Sidney Lumet (1924-), com Diana Ross (1944-) e Michael Jackson (1958-2009), entre outras obras, para retratar os problemas sociais e econômicos do sertão nordestino, através de uma narrativa que mistura os gêneros drama, comédia e musical, combinando-os com aspectos da cultura massiva e da cultura popular brasileira.
O quarteto formado por Renato Aragão (1936- ), Manfried Sant’Anna, Antônio Carlos Bernardes Gomes (1941-1994) e Mauro Faccio Gonçalves (1934-1990), mais conhecidos respectivamente como Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, protagonizou, entre 1978 e 1990, 20 longas-metragens de ficção (sem contar um longa documentário e um longa de animação) que levaram, juntos, mais de 74 milhões de espectadores aos cinemas. Alguns autores, como Fatimarlei Lunardelli, em “Ô psit! O cinema popular dos Trapalhões” (1996), José Mário Ortiz Ramos, em “Cinema, televisão e publicidade” (2004), e Stephanie Dennison e Lisa Shaw, em “Popular Cinema in Brazil” (2004), já se debruçaram sobre o fenômeno midiático e massivo d’Os Trapalhões, com especial atenção ao cinema feito pela trupe. As contribuições desses autores são relevantes, principalmente no que tangem ao mapeamento crítico e à divisão em blocos temáticos dos filmes do grupo. Nosso trabalho, porém, encontra-se inserido num conjunto recente de pesquisas no campo do cinema brasileiro que visa estudar filmes que fogem aos modelos “artísticos” e autorais e que operam na chave do chamado lazer “trivial”. Assim, um dos textos fundamentais que dão embasamento às nossas análises sobre o cinema de entretenimento d’Os Trapalhões é o de Bernadette Lyra e Gelson Santana no livro “Cinema de bordas” (2006), organizado pelos autores. Como já apontado anteriormente em trabalhos apresentados nos congressos da SOCINE de 2008 e 2009, respectivamente sobre os filmes “O cangaceiro trapalhão” (1983), de Daniel Filho (1937-), e “Os saltimbancos trapalhões” (1981), de J. B. Tanko (1906-1993), algumas das condições levantadas por Lyra e Santana para caracterizar um filme de bordas podem ser encontradas nas obras do grupo, tais como: formas que remontam aos folhetins, visando o divertimento do público, através de dois eixos narrativos principais, ação e sentimento; conformação dos gêneros cinematográficos, através de processos de repetição e de atualização; alto grau de previsibilidade na codificação de estilos, formas e conteúdos; e o aproveitamento de fragmentos de imagens, sons e temas vindos de outros meios de expressão populares. Propõe-se, portanto, analisar o filme “Os Trapalhões e o mágico de Oroz” a partir dessas chaves teóricas e conceituais, focalizando, particularmente, os seguintes aspectos: a relação da obra com o romance “O mágico de Oz” (The Wonderful Wizard of Oz, 1900/1901), de Lyman Frank Baum (1856-1919), cuja fonte não é sequer creditada no filme; a apropriação tanto de elementos presentes nos filmes “O mágico de Oz” e “O mágico inesquecível”, adaptados do romance de Baum, quanto de produtos audiovisuais distintos, como, entre outros, o filme “2001 – Uma odisséia no espaço” (2001: A Space Odyssey, 1968), de Stanley Kubrick (1928-1999), e o videoclipe da canção “Thriller” (1983), de Michael Jackson, dirigido por John Landis (1950-); a mistura de gêneros cinematográficos, com especial atenção aos números musicais e às cenas cômicas; a temática social ligada aos problemas da seca e da fome enfrentados pelo sertão nordestino e os traços da cultura popular brasileira, ambos filtrados pelas lentes da cultura massiva e midiática. |
|
Bibliografia | ALTMAN, Rick. Film/Genre. London: BFI, 1999.
|