ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | O Reverso da Pesquisa Empírica Televisiva: O Receptor de 'Terra em transe'_um estudo de caso |
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Autor | Laikui Cardoso Lins |
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Resumo Expandido | Por meio dos trabalhos de pesquisadores como Fernando Mascarello (2005), Nilda Jacks e Ana Carolina Escosteguy (2004), Maria Immacolata Lopes (2002), Mauro Wilton de Sousa (1997; 1998), entre diversos outros, tem-se conhecimento da escassez de estudos envolvendo a temática da recepção cinematográfica. A grande maioria dos estudos em cinema, via de regra, está associada à tradição historiográfica, à teoria do cinema ou à análise fílmica, ignorando, quase que em sua totalidade, o espectador na interação concreta com o objeto fílmico e seus diversos contextos.
Como o próprio Mascarello noticia, em seu artigo Procura-se a Audiência Cinematográfica Desesperadamente, ou Como e Por Que os Estudos de Cinema Permanecem Textualistas, publicado nos anais do XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, em 2005, dos 248 trabalhos sobre cinema, levantados na ocasião pelos Anais da SOCINE, somente 6 deles abordavam questões relativas à recepção e nenhum envolvia a realização de estudo empírico. Ainda segundo o mesmo autor, basicamente três motivos co-ocorrem para a manutenção deste cenário: 1) a sobrevivência como cânone teórico-estético do paradigma cinemanovista proposto por Glauber Rocha e outros contemporâneos seus da década de 60; 2) as sérias dificuldades em dialogar com a produção teórico-metodológica internacional – já que no âmbito externo as pesquisas empíricas de recepção acontecem em número significativo; e 3) a conseqüente hipertrofia da área analítica textual, que impede o olhar sobre o espectador concreto. Assim, diante de toda essa conjuntura, o trabalho que aqui se propõe visa discutir as peculiaridades básicas da pesquisa empírica envolvendo a audiência televisiva X cinematográfica. Ou seja, se há uma escassez ou mesmo a ausência de pesquisas que se preocupem em investigar o espectador real de cinema, obviamente que não se pode pressupor que este espectador concreto interagiria de modo similar assistindo a uma peça televisiva (em casa) ou cinematográfica (no cinema). Tomando como horizonte investigativo a assertiva de que os mais variados tipos de receptores – leitores (em referência à mídia impressa), ouvintes (em relação à mídia radiofônica), telespectadores (em foco a televisão aberta e fechada) e espectadores de cinema – produzem sentidos diversos no ato de sua atividade receptiva, determinados pela especificidade técnica do suporte pelo qual interagem (BARBERO, 1997), propõe-se perceber quais principais operadores o espectador não iniciado em cinema será capaz de lançar mão para interagir e interpretar os conteúdos de um filme. No caso aqui em particular, tomaremos como peça investigativa a obra Terra em transe (1967), de Glauber Rocha, por duas razões fundamentais: Primeiro, por se tratar de uma peça que compõe o cânone da cinematografia nacional, como já bem exposto por Fernando Mascarello como um dos três motivos que atravancam o trabalho empírico com recepção em cinema, por força da tradição e; segundo, como forma de propor um novo olhar dentro de um conjunto já consagrado na pesquisa brasileira. Para tanto, além dessa afirmação de Martín-Barbero a respeito do receptor, outros conceitos serão levados em consideração para a edificação do estudo, como a diferença entre público e espectador (ORTIZ, 2006); (BURKE, 2004). Todavia, o que se faz mister destacar, é que este trabalho visa, em primeira instância, perceber os nós de compreensão existentes entre o espectador atual (que se fará pelo trabalho empírico) em contraposição àquele contemporâneo à época de lançamento do filme (percebido pela consulta em arquivo, do material de crítica especializada produzido à época). |
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Bibliografia | ESCOSTEGUY, Ana Carolina; JACKS, Nilda. 2004. Práticas de recepção midiática: Impasses e desafios da pesquisa brasileira. XXVII COMPÓS. Rio de Janeiro.
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