ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Processos de subjetivação e estética nos filmes autobiográficos. |
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Autor | Rúbia Mércia de O.Medeiros |
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Resumo Expandido | A prosposta que agora apresento é motivada pela necessidade de compreender como se dá a construção da subjetividade em filmes autobiográficos e filmes diários que tenham relação direta com a partida, o deslocamento e o exílio. Desde que o cinema passou a usar excessivamente a câmera subjetiva, tornou-se evidente um tipo de construção cinematográfica em que há a coincidência entre visão dada pela câmera ao espectador e a visão de um personagem particular – por vezes esse personagem é também diretor e integra o filme. O tempo entrecortado do cotidiano e as novas tecnologias de vídeo tornaram cada vez mais acessíveis as possibilidades de produzir imagens e de documentar a vida, os percursos, os deslocamentos e os momentos de intimidade do sujeito. A produção artística documental tem sido marcada, já há algumas décadas, pela presença de práticas de subjetivação e de relatos em primeira pessoa, o que torna evidente o artista como sujeito, personagem e realizador da obra. Nessa transição, os relatos em primeira pessoa ganham notoriedade. Esse sujeito moderno se vê tomado por subterfúgios que colaboram com seu envolvimento em relação à tecnologia digital. Parte-se do princípio foucaultiano de que o sujeito não é algo sempre dado, mas constituído por meio de práticas discursivas, sociais, históricas, entre outras. Com a passagem do século XIX para o século XX, a experiência urbana pede mais atenção, surgem, portanto, questões que demandam outro tipo de experiência na circulação e outros tipos de desejos. Segundo o crítico Ben Singer, a conformação do que compreendemos como subjetividade pode ser considerada fruto da modernidade. Em seu artigo intitulado Modernidade, hiperestímulo e início do sensacionalismo popular, o autor afirma que, a partir do fim do século XIX, a modernidade designa uma grande quantidade de mudanças tecnológicas e sociais (industrialização, urbanização, crescimento populacional rápido, proliferação de novas tecnologias e etc.), cuja consequência foi a explosão de uma cultura de consumo de massa. Nesse âmbito, o processo de redescoberta de si que todas essas transformações provocam no homem contemporâneo deve-se às novas relações existentes entre o indivíduo, industrialização e coletividade. A partir dos conceitos elaborados, analisaremos um conjunto de filmes; Cidade Desterro de Gláucia Soares(CE), Carta Nº1 de Lucas Parente(RJ) e De Glauber a Jirges de André Ristum(SP) que permitam um diálogo entre si, já que todos os filmes se confrontam com problemáticas semelhantes: a sensação de partida, o deslocamento e o exílio. A propósito faremos um paralelo do papel do tempo e do espaço a partir desta produção de subjetividade em que o sujeito – personagem dos filmes – se divide em espaços de tempos, revelando a partir de si a passagem entre passado-presente-futuro. De acordo com essa premissa da temporalidade e espacialidade, os filmes que tomamos como análise nos servem como partículas de tensões entre o mundo exterior e o mundo interior do indivíduo. Ressaltando que a idéia de subjetividade passa pelo o indivíduo, mas não é exclusivamente de sua criação, mas sim de uma trama de relações históricas que são externas a este indivíduo. Atravessando esse ponto, colocaremos o cinema em suas formas híbridas de narrativa, num contexto emergente. Com base neste processo transitório da imagem contemporânea, Andréa França comenta que a “hibridização de suportes e linguagens bem como o convite a formas de participação cada vez mais intensa atendem às demandas de um cultura sequiosa por novas formas espectatorial (e sensorial)”. Um pouco como forma de experimentar outras possibilidades artísticas que colocasse em diálogo o homem e seu meio, questionando o universo tecnológico e as relações corporais entre os sujeitos, os filmes diários, os filmes autobiográficos e os relatos. |
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Bibliografia | BENJAMIN,Walter.Rua de Mão Única.São Paulo.Ed. Brasiliense.1995.
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