ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | O som segundo Jean-Claude Bernardet |
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Autor | Eduardo Simões dos Santos Mendes |
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Resumo Expandido | Jean-Claude Bernardet é conhecido por ser um homem multi-facetado: pesquisador, crítico, ensaísta, historiador, professor, roteirista, realizador, ator, romancista, criador de brinquedo infantil. São muitas as formas em que Bernardet demonstrou sua criatividade e sua forma de refletir o mundo em que vivemos. Talvez a mais importante delas seja sua atuação como pensador do cinema feito no Brasil. Como escreve Álvaro Machado, sua obra constitui um dos mais sólidos corpus epistemológicos sobre cinema brasileiro. A referência a seus livros, artigos e ensaios é obrigatória quando se pesquisa a história do cinema, o documentário, o conceito de cinema nacional ou a dramaturgia cinematográfica.
Existe, porém, um outro campo de reflexão desenvolvido por Bernardet mas que ainda é pouco lembrado: seus pensamentos sobre o uso da trilha sonora na obra cinematográfica. Desde seus primeiros escritos, Bernardet não restringiu suas análises fílmicas aos elementos visuais. A relação imagem/som sempre esteve presente. É significativo que Bernardet seja o responsável pela primeira publicação no Brasil de um tomo especialmente dedicado ao som no cinema, na revista Filme Cultura, no. 37 de 1981. Nela há uma pequena introdução sobre a evolução da trilha sonora cinematográfica. Nesse texto, Bernardet já se diferencia de seus pares no olhar/ouvir a relação audiovisual. Seu artigo não se restringe a comentários sobre o uso de música ou da língua como símbolo da nacionalidade e forma de resistência contra o cinema estrangeiro, como em grande parte da discussão que acontecia nas décadas anteriores à publicação. Vai muito além. Bernardet discute a potencialidade do uso expressivo de todos os elementos formadores da trilha sonora. Discute a necessidade de se integrar os autores da trilha musical ainda no início do processo criativo. Discute o que existe além do estilo naturalista que apenas redunda o que é mostrado pela imagem. Discute o uso do silêncio como elemento constitutivo da linguagem cinematográfica. Uma discussão que já pode ser encontrada seus primeiros escritos e continua, ainda hoje, em seu blog na UOL Recuperar o pensamento da relação imagem/som com ênfase no uso expressivo da trilha sonora cinematográfica pelos olhos e ouvidos de Jean-Claude Bernardet é minha proposta pra a apresentação no Congresso da SOCINE em 2010. |
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Bibliografia | BERNARDET, Jean-Claude. Caminhos de Kiarostami. São Paulo: Cia. das Letras, 2005.
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