ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | A escola documentária - A dimensão visual do real. |
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Autor | Alexandre Buccini |
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Resumo Expandido | Este trabalho investiga a produção de filmes documentários em escolas de ensino médio e como essa atividade interfere na qualidade da educação e de libertação do pensamento, segundo a Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire. Ele parte do pressuposto de que a escola, além de ser uma instituição de ensino, é uma entidade política e ética construída com a liberdade de pensamento e de auto-conhecimento.
Hoje, com base em diversas pesquisas no campo da Sociologia da Educação e das outras ciências da educação, vemos alunos que não encontram sentido em seu estudo, nem no conteúdo ensinado. Os resultados já são conhecidos: indisciplina, mau desempenho escolar, descomprometimento com a escola e com os professores etc. Inovações e novas experiências de aprendizagem não são apenas necessárias, mas as únicas formas de realizar a educação que leve a uma sociedade mais justa e com pessoas capazes de comparar, avaliar, escolher, decidir e romper com a realidade opressiva. A proposta de produção de filmes documentários nas escolas, com o conteúdo da realidade do aluno, surgiu como um estudo e uma possibilidade de dar respostas às preocupações descritas. A metodologia de investigação aplica-se principalmente com a realização de oficinas de cinema documentário, realizadas em horário reverso ao das aulas curriculares, todo o ano, desenvolvendo conhecimentos cinematográficos teóricos, conceituais e técnicos, enfatizando o cinema documentário, encerrando com um festival. Esta pesquisa é exploratória e está ligada às investigações de Educomunicação, Sociologia da Arte e Sociologia da Educação. Ela cria e desenvolve a tese de que a escola é um lugar privilegiado na produção de filmes documentários, porque é um tipo de linguagem artística, expressiva de perguntas sobre a realidade e a autonomia do conhecimento (Paulo Freire, 2000). Consideramos também que, o documentário autoproduzido pelos alunos, coloca o poder das palavras nas mãos dos estudantes, dos oprimidos em seus pensamentos e sentimentos, uma vez que eles são "artistas". A escolha do documentário como a “nova linguagem” o “novo texto” no ambiente estudantil é feita porque encontramos e desenvolvemos teoricamente uma certa “superioridade” com relação ao cinema ficção, baseada em um lado, numa meta de utilidade social e, em especial, estreita relação com a vida das pessoas e eventos no mundo. A lógica do contato em entrevistas com os personagens sociais, a responsabilidade ética com a pessoa que se expõe ou que expomos no documentário, põe essa modalidade cinematográfica num campo propriamente pedagógico e comprometido esteticamente com a dramaticidade das questões sociais. Além disso, como o cinema ficção, o documentário não deixa de lado a escolha dos planos, a preocupação estética com os quadros, iluminação, edição, as fases de produção e pós-produção, o uso da música, títulos, som, efeitos visuais, sonoros e especiais. A definição do que um documentário é, portanto, é a soma de todas as suas características, sempre buscando a montagem do sentido para dialogar com o espectador. De acordo com os problemaa descritos acima, três processos distintos irão surgir e estão sendo testados como hipóteses: 1 Documentários podem ocorrer em escolas e podem ser uma nova forma de linguagem, para registrar e assimilar conteúdos. 2 A produção do documentário, em seus méritos, acorda uma cultura escolar de questionamento, de reflexão e uma maior compreensão do conteúdo educacional com parâmetros adequados. 3 O documentário é a interpretação do estudante de todo o processo de aprendizagem, motivação para fazer as ações cidadãs e que o aluno se torna não apenas o destinatário, mas o verdadeiro agente e sujeito de sua própria aprendizagem. Aliando-nos às hipóteses, pretendemos demonstrar teoricamente a distinção que fazemos entre o cinema documental e o documentário televisivo e porque escolhemos o primeiro como o privilegiado pedagogicamente, de acordo com os pressupostos da autonomia do pensar. |
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Bibliografia | BERNARDET, Jean-Claude. Cineastas e imagens do povo. Sao Paulo, Brasiliense, 2003
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