ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | O cinema como revisão conceitual da cultura: O desprezo, de Godard |
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Autor | Josette maria alves de souza monzani |
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Resumo Expandido | O desprezo é uma tradução intersemiótica do romance homônimo de Alberto Moravia.
Três características parecem-nos ter agradado Godard no romance, tendo em conta sua futura carreira como diretor: a) o protagonista ser um escritor que se torna, circunstancialmente, roteirista, o que permite à diegese inscrever-se no modus operandi da criação cinematográfica e discutir as intenções embutidas no ‘como’ se realiza um filme; b) o protagonista ser um homem de letras, verbal por excelência, na oralidade e na escrita, enquanto a protagonista é bela e enigmaticamente visual; uma obra plástica: uma escultura; c) o fato do filme que está sendo feito dentro do filme ser a Odisséia, de Homero, marco inicial da narrativa épica ocidental, o que possibilitaria ao diretor estabelecê-la como um ponto de partida para a reflexão sobre combinações (direções) e sentidos, sobre uma revisão da História Social da Narrativa – da literatura oral à escrita, à escultura, ao teatro e ao cinema etc. A Odisséia, associada às atuações dos atores, permite também a associação dos quatro protagonistas (Michel Piccoli, Brigitte Bardot, Fritz Lang e Jack Palance – respectivamente, escritor e esposa, diretor e produtor do filme em desenvolvimento na diegese) a deuses gregos – ou mitos - de passagem pela terra e em conflito, ou ainda, se se unir a esses elementos o destaque dado no filme à arquitetura, a paisagem e os cenários grandiosos, pode-se trazer à lembrança a encenação das peças gregas ao ar livre. O que buscaremos discutir é o obnubilamento do particular da trama em função do conceitual, que os traços brevemente elencados vão fazendo surgir, que nos permite colocar O desprezo enquanto uma menipéia moderna, com os sentidos que ela possa ter hoje no cinema. |
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Bibliografia | BARTHES, Roland. O óbvio e o obtuso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
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