ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Outras montagens, novas temporalidades |
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Autor | Patricia Moran Fernandes |
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Resumo Expandido | A nova tecnologia digital, mais precisamente a edição numérica e a possibilidade de manipulação em tempo real de imagens e sons, bem como a opção por distintos scripts para se trabalhar são bases da montagem em performances. Estamos diante de uma alternativa para se dar forma ao conjunto de imagens e sua materialidade em um acontecimento ao vivo. Ao se constituir como espetáculo, ao se dar forma a um trabalho com inicio, desenvolvimento e fim, se redesenham procedimentos de contato com o público cujas implicações deslocam o que vem a ser montagem e mesmo a reinvenção da mesma.
Uma nova cultura de realização esta instaurada e abre potencialmente caminhos para a experimentação de linguagem tanto em trabalhos narrativos, quanto abstratos e gráficos. Para o cineasta russo Serguei Eisenstein a montagem é um processo anterior ao cinema, sua abrangência é indicativa das articulações conceituais inscritas neste processo cujo nome ajuda a pensar experiências nas artes plásticas, teatro e literatura. A perspectiva de Eisenstein é a produção de sentido por proximidade. O choque ainda se alia ao sentido anterior à imagem, construído por proximidade. As experiências que nos propomos a pensar são jogos de formas em movimento, formas sugerindo figurações aliadas ao acaso. O acaso - auxiliar recorrente nos processos de criação, vem se incorporar à estrutura de trabalhos audiovisuais como o vídeo ao vivo, sejam eles espetáculos de VJs ou performances com estrutura de desenvolvimento mais programada – funciona como lugar de atenção. Hoje o acaso tem no computador um ambiente propício para apontar novas possibilidades expressivas audiovisuais e experiências sensoriais para o público. Acaso aqui entendido como um momento em que desponta uma singularidade, para uma articulação não programada de um acontecimento. O Acaso para Peirce é a insistência para a singularidade, para o único a absoluta variedade de fenômenos e a diversidade de eventos. Próximo à epifania pela experiência produzida. Nesta apresentação vamos cotejar algumas acepções clássicas da montagem tendo como objeto de análise experiências de montagem em tempo real de Luiz Duva, Fernando Velásquez e Henrique Roscoe. Na leitura de seus trabalhos a constituição do tempo, a temporalização do movimento geram qualidades distintivas, produzem acontecimentos do instante. A temporalização da imagem reinventa a imagem em Duva. Henrique Roscoe produz analogias visuais, paisagens, pelo controle do tempo, já em Velásquez é o processo de constituição e desaparecimento da imagem os lugares a se instaurar a poética. Ainda imagem? Ainda montagem? Tomaremos a noção de intervalo de Vertov e de fluxo da televisão para problematizar estas alternativas de invenção audiovisual que se utilizam do espaço como distância entre dois pontos, do espaço como paisagem e do tempo como música e intensidade para pensar a prioridade na montagem do choque, do inusitado, da descoberta na própria imagem e não na narrativa, como um atributo das apresentações ao vivo. |
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Bibliografia | Aumont, Jacques. 2004. As teorias dos cineastas. Campinas, SP: Papirus.
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