ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | “Jogo de Cena” e “Moscou”: encenar, mostrar, resistir |
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Autor | Ursula de Almeida Rösele |
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Resumo Expandido | O presente trabalho pretende fornecer meios de discussão e reflexão de dois filmes contemporâneos do cineasta brasileiro Eduardo Coutinho, “Jogo de Cena” (2007) e “Moscou” (2009), que se mostram deveras instigantes. A ideia é propor uma reflexão em torno das duas obras que possa enriquecer os estudos do seminário “Cinema, estética e política: a resistência e os atos de criação”, uma vez que tais filmes, juntamente com uma certa produção documental contemporânea, apresentam alguns recursos expressivos em sua composição que, através de diversas estratégias estético-narrativas que promovem tensões e questionamentos da linguagem, subvertem alguns preceitos clássicos do documentário. No caso das duas obras, pode-se perceber que Eduardo Coutinho faz um exercício no qual coloca questões ao gênero e impõe deslocamentos ao trazer para o terreno documental, articulações próprias do cinema de ficção, além de lançar mão de um diálogo direto com certos procedimentos do teatro, que trazem novas formas de articulação e reflexão da linguagem documental para o cinema.
Voltar-se ao cinema documentário é também uma maneira de olhar para a sociedade, como forma de pensarmos os sujeitos e a maneira como se estrutura sua experiência social. É notória a propagação de imagens na sociedade contemporânea, que cada vez mais nos colocam não somente na posição de espectadores como de produtores mesmos dessas imagens de si e do mundo. Ao observar esses movimentos que Eduardo Coutinho fez não somente em relação à toda sua obra anterior, como nesses dois filmes em questão, podemos observar que, ao trazer para o documentário uma “relação” com o real de uma forma mais radical, pessoal, ousada, não tendo como parâmetro o espetáculo, o entretenimento fácil e um envolvimento das massas pelas vias oficiais desse dito entretenimento, o diretor parece colocar-se diante deste “real” com uma postura não somente de questionamento, mas de enfrentamento dos pressupostos que empobrecem este dito gênero, o que certamente demonstra resistência, e por quê não dizer, postura política frente à arte. |
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Bibliografia | COMOLLI, Jean-Louis. Ver e poder. A inocência perdida: cinema, televisão, ficção, documentário. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
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