ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Filme histórico: novas formas de circulação e ampliação de público |
|
Autor | BRUNO HINGST |
|
Resumo Expandido | A questão do fortalecimento e valorização da identidade nacional é claramente uma das grandes preocupações do Estado brasileiro ao longo do tempo em que buscou o desenvolvimento de políticas culturais que gerassem um conceito de nação, com fortalecimento natural de sua história.
O cinema brasileiro, nos seus primórdios, buscou resgatar fatos, personagens e eventos históricos do esquecimento, através da iniciativa de certos cineastas, nos filmes Pátria e Bandeira (1917) de Simões Coelho, Tiradentes (1917) de Perassi Felice e Caçador de Diamantes (1932) de Vittorio Capellaro. Podemos destacar que no plano cultural o Estado desenvolveu políticas culturais mais atuantes em três momentos distintos da nossa história, que tiveram como marco a criação de órgãos fomentadores da atividade cinematográfica: o Instituto Nacional do Cinema Educativo (INCE), em 1937, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), em 1939, o Instituto Nacional de Cinema (INC), em 1967 e depois incorporando todas essas atribuições, a Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), em 1973. No governo Vargas, no Estado Novo (1937-45), há um claro direcionamento para um projeto político, cultural e social focado numa doutrina fascista, no qual o cinema foi instrumentalizado para cumprir um duplo papel: ser educativo no âmbito cultural e atender à propaganda institucional no campo político. Deste período podemos destacar duas produções: Descobrimento do Brasil de Humberto Mauro (1937), produzido pelo INCE e Inconfidência Mineira de Carmen Santos (1938-48), produção independente que demorou dez anos para ser concluída. Curiosamente, encontraremos em outros dois governos ditatoriais, ações importantes para o cinema brasileiro. Primeiramente, no governo Castelo Branco, uma ação mais especifica no plano cinematográfico criando o INC, um projeto que tramitava há muito tempo no Congresso, que surge como um órgão de fomento para o setor. Depois, só no governo Geisel (1974-1978) é que se vê uma ampla ação no plano cultural que valorizava a cultura brasileira e onde o cinema estava inserido como grande promotor e divulgador. Neste momento a Embrafilme, na gestão Roberto Farias (1974), passa por uma grande reestruturação, e institui um programa para a viabilização de filmes históricos, porém com resultados muito aquém do esperado. Mesmo assim podemos destacar que a Embrafilme Distribuidora conseguiu, através de um amplo trabalho, dar visibilidade ao filme brasileiro, devido à boa receptividade do público. Nela também o filme de natureza histórica teve forte apoio, em termos de política e viabilização econômica. Dentre os filmes podemos destacar: Xica da Silva (1976), Anchieta José do Brasil, Canudos (1978), Batalha de Guararapes (1978) e Caçador de Esmeraldas (1979). O objetivo deste trabalho é pesquisar e avaliar especificamente a produção de filmes históricos, no período compreendido entre 1995 a 2009, entre os quais podemos citar entre outros Lamarca (1994) Carlota Joaquina (1995), Mauá o Imperador e Rei (1999) Araguaya – A Conspiração do Silêncio (2006), e a circulação desses filmes em outras formas de exibição, no caso o DVD, levando-os para além da sala de cinema. É proposta também deste trabalho investigar também a existência de outros projetos no plano Estadual, semelhantes ao projeto Programadora Brasil(governo federal), que disponibiliza filmes em DVD para exibição não-comercial em circuitos alternativos, como escolas, universidades, cineclubes, pontos de cultura e centros culturais, bem com os resultados obtidos com esta nova forma de se ampliar a circulação de filmes. |
|
Bibliografia | ALMEIDA, Paulo Sérgio & BUTCHER, Pedro. Cinema, desenvolvimento e mercado. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2003.
|