ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Festivais pra quê? Um estudo critico sobre o setor |
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Autor | Tetê Mattos (Maria Teresa Mattos de Moraes) |
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Resumo Expandido | O circuito de festivais brasileiros de cinema atua em quase todo o país revelando uma presença qualitativa e econômica de eventos de grande expressão cultural. Muitos deles vão fortalecendo o circuito com a regularidade da execução de seus festivais. Percebe-se uma valiosa rede de interlocuções entre os festivais de cinema e os demais segmentos que compõem a matriz audiovisual brasileira. Os setores de produção, distribuição, exibição, preservação e memória interagem constantemente com este circuito. A integração ultrapassa os limites da simples exibição dos filmes, elevando o grau de importância dos festivais que assumem papel de valorização dos segmentos de formação, reflexão, promoção, articulação política, e especialmente, a formação de platéias.
Também observamos no circuito através da análise da programação geral dos festivais uma definição de perfis, que torna o segmento bastante heterogêneo. Alguns eventos, como por exemplo, o CineOp – Festival de Cinema de Ouro Preto e o Festival Brasileiro de Cinema Universitário, entre outros, encontram-se com os seus perfis plenamente definidos. Mas esta não é uma característica que podemos apontar a todos os festivais. Partiremos da premissa de que estes festivais que possuem seus perfis definidos, são produtores de um discurso que pode ser visível nas obras exibidas, e que por sua vez explicitam tendências da produção audiovisual. Nesta comunicação procuraremos investigar aspectos inerentes aos festivais de cinema procurando relacionar com a visibilidade do setor. Discutiremos aspectos referentes à “espetacularização” dos festivais destacando a sua significação cultural como estimuladores e multiplicadores das ações no campo audiovisual. Diante de uma dinâmica cultural cada vez mais ancorada no espetacular, os festivais se apresentam como importante ferramenta estimuladora e arregimentadora de platéias e na formação de público. Devido a sua heterogeneidade, os festivais de cinema e vídeo não possibilitam uma simples categorização que dê conta da realidade e da unidade. Neste sentido, iremos trabalhar em sua dispersão. Refletiremos também sobre algumas propostas de categorização, como a de Mark Peranson, que classifica os festivais em dois modelos: os “festivais de público” e os “festivais de negócios”. Nesta tentativa de sistematização dos festivais buscaremos contribuir com a criação de algumas novas categorias: “festivais amadores”, “festivais empresários”, “festivais profissionais”, etc.... Um outro ponto que pretendemos abordar na nossa análise diz respeito ao aspecto dos festivais tratados como espaços de legitimação da produção audiovisual, especialmente no tocante ao cinema independente, que tem nos festivais de cinema praticamente o seu único espaço de veiculação. As relações de poder e de regulação, e todo o aparato que gira em torno do evento, como a mídia, a crítica, os prêmios, as obras selecionadas, também serão aqui analisadas. Por fim, este estudo faz parte de uma pesquisa crítica sobre festivais brasileiros que pretende preencher lacunas e contribuir na reflexão e discussão sobre um segmento do audiovisual pouco estudado no Brasil, e que cada vez mais se consolida em grau de importância na dinâmica cultural brasileira. |
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Bibliografia | BAHIA, Berê. (org.) 30 Anos de Cinema e Festival: a história do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro – 1965-1997. Brasília: Fundação Cultural do Distrito Federal, 1998.
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