ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Transnacionalização fílmica e narrativa: o caso Slumdog Millionaire |
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Autor | Raquel Timponi Pereira Rodrigues |
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Resumo Expandido | O mundo busca diversas alternativas para a sobrevivência da produção do cinema. Como forma de estratégia, emergem as produções transnacionais, isto é, as produções que envolvem, no processo de pré-produção, produção e pós-produção, a colaboração de diversos países. O crítico de cinema Marcus Mello explica que “o cinema encontrou na contemporaneidade uma forma de se internacionalizar para sobreviver” (MELLO, 2008, p. 107).
O presente artigo tem como objetivo realizar uma análise de como se configura a narrativa nas produções transnacionais, tomando como estudo de caso o filme Slumdog Millionaire (2008), uma co-produção entre Inglaterra e Índia. Num cenário transformado, o cinema encontra na co-produção forma de produção mais barata, além de ampliar sua exibição no mercado e promover a mistura de hábitos culturais. Autores com suas particularidades e focos em objetos distintos (MASCARELLO, 2008; MELLO, 2008; BARROT, 2005, BAMBA, 2008 e HIRATA, 2008) levantam as estratégias individuais dos países na internacionalização das produções. Como base teórica para Slumdog Millionaire serão consideradas as abordagens dos escritores indianos Tejaswini Ganti, Vijai Mishra, Derek Bose e Latita Gopala. Neste contexto, para alguns autores há a abertura para uma mistura de abordagem de diversas culturas, o que exige uma nova percepção do espectador acostumado com a estética do cinema americano, agora aberta novos hábitos narrativos e de produções culturais específicas. Já outros pesquisadores acreditam que o cinema internacional tenha se tornado neutro ao romper com a origem e cultura, em função de uma parceria global que interesse a todos. A análise da questão narrativa na co-produção inglesa e indiana de Slumdog Millionaire perpassa as características marcantes da narrativa dos filmes híndi, como o fragmento e intervalo na trama, o uso da dança como presença fundamental e o pout pourri de gêneros (masala). Os modelos culturais narrativos indianos passam por tratamentos, disfarçados nas fórmulas mágicas de aceitação comercial, como a montagem complexa, alternada, com cortes rápidos e o molde de um programa televisivo de perguntas. O critério de seleção do filme foi o destaque que obteve nas bilheterias do cinema comercial, dados divulgados nos sites Filme B e The Internet Movie Database. Pretende-se, ainda, confrontar visões de diversas culturas, com um hibridismo de temas que usualmente cada cultura costuma explorar nas produções. Dessa relação emergem filmes que abordam tanto a cultura local em co-produções internacionais quanto realizam adaptações do modelo de Hollywood em filmes nacionais nos gêneros de ação, comédia romântica e melodramas (como, no caso, a indianização de produções hollywoodianas). |
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Bibliografia | BOSE, Derek. Brand Bollywood: a new global entertainment order. New Delhi: Sage Publications India Pvt Ltd, 2006.
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