ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Wood&Stock: transmidiatização das HQs ao cinema de animação brasileiro |
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Autor | Carla Schneider |
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Resumo Expandido | Um olhar histórico sobre o panorama do cinema de animação brasileiro, e mais especificamente no recorte temporal que abrange a década final do século XX e a década inicial do século XXI, permite a identificação que não houve somente inovações de ordem técnica e tecnológica mas, também, conquistas significativas de reconhecimento em outras esferas como a cultural, a política e a educacional. Neste contexto brasileiro, o cinema de animação é entendido como um produto constituinte da indústria do audiovisual bem como uma manifestação artística, contendo características que transitam na convergência estabelecida entre Comunicação e Artes. Autores como Lucia Santaella (2005) e Arlindo Machado (2007) apresentam pesquisas sobre este tipo de convergência, constituindo, assim, os referencias teóricos iniciais para embasar o enfoque investigativo dos elementos que emergem na transmidiatização (do impresso ao audiovisual) a partir de um estudo de caso: a origem do filme de animação “Wood&Stock: Sexo, Orégano e Rock´N´Roll” (Otto Desenhos Animados e Snif Snif Filmes, 2006) nas tiras e histórias em quadrinhos do ilustrador Angeli.
Santaella (2007), afirma que a expressão “mídia” - inicialmente associada apenas aos meios de comunicação de massa tradicionais, como o impresso e o televisivo, na atualidade se generalizou de tal maneira que tem sido aplicada para designar todos os meios de comunicação, citando dentre eles o livro, a fala, e as histórias em quadrinhos. Este é um dos alicerces fundantes neste estudo, pois questiona-se quais elementos são observados na tradução e transposição entre dois gêneros de caráter bem visual, como as histórias e tiras em quadrinhos e o cinema de animação. Rossini (2007) ressalta como a essência do cinema (entendida como a “arte que traduz outras artes”) é observada no diálogo com as artes plásticas, a poesia e a literatura. Este foi e ainda é um movimento natural para os profissionais e pesquisadores do cinema. Contudo, existem indícios de tráfego criativo intenso, porém de fluxo oposto. As outras artes agora buscam o diálogo com o audiovisual, buscam as possibilidades de transposição e tradução entre seus elementos e isso é constatado em alguns filmes de animação brasileiros. Tendo isto posto, a questão investigativa deste trabalho direciona-se para o entendimento de como isso ocorre, através de um estudo de caso. Reconhece-se que o diálogo entre mídias, como as histórias em quadrinhos e o audiovisual, evidencia que há um pressuposto de sequenciamento e representação de um tempo em desdobramento. Em sua essência, desde o resgate histórico inicial mencionado por Rossini (2007), a imagem audiovisual parte, primeiramente, de um filme idealizado, parte da busca de uma “imagem síntese” definida como “imagicidade”, por Eisenstein. Já o estado da arte da animação é revelado por Marina Estela Graça (2006, p. 190) quando há o resgate do conceito “A animação não é a arte dos DESENHOS-que-se-movem, mas a arte dos MOVIMENTOS-que-são-desenhados”, frase elaborada pelo animador escocês Norman McLaren e registrada num papel fixado na parede de seu estúdio de trabalho. Esta aproximação e diálogo entre mídias, como as histórias em quadrinhos e o cinema de animação é possível, mas requer uma leitura em profundidade, dada a sua complexidade. O conceito “audiovisualidade” vem de encontro a esta necessidade, uma vez que integra noções como imagicidade, cinematismo, duração, virtualidade e zeroidade, noções estas fundamentadas em autores como Eisenstein, Bergson, Deleuze e Guattari (SILVA, 2009). Desafio investigativo aceito e realizado, acredita-se no seu potencial de debate, primeiramente por fomentar questões pertinentes aos estudos do “Cinema como arte, e vice-versa”, bem como pelos seus elementos reflexivos e críticos, necessários para uma área ainda carente de tais contribuições, como é o cinema de animação brasileiro. |
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Bibliografia | MACHADO, Arlindo. Arte e Mídia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.
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