ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Ne Change Rien: Do Novo Cinema Português ao Cinema Português Contemp. |
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Autor | Paulo Jorge Granja |
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Resumo Expandido | Nesta comunicação, pretende-se discutir o aparecimento do Novo Cinema Português, noinício da década de 60, e a permanência de muitas das suas características estéticas no cinema português contemporâneo, relacionando-os com os modos de financiamento, a crítica e cultura cinematográfica internacional e os circuitos de promoção e exibição, nomeadamente os festivais internacionais de cinema.
De facto, apesar de ser um dos cinemas europeus menos vistos pelo seu próprio público nacional, o Novo Cinema Português e o Cinema Português Contemporâneo que lhe sucedeu, conseguiram impor-se esteticamente junto da crítica nacional e internacional. Tomando de empréstimo a "política dos autores" adoptada pela Nouvelle Vague e até o seu modelo de produção, entre outras características das "novas vagas" que entretantosurgiam um pouco por toda a Europa e pelo mundo, o cinema português que viria a ser conhecido como o Novo Cinema Português estabeleceria uma ruptura quer com o cinema comercial então produzido sob a protecção benévola do Estado Novo, quer com as propostas de renovação do cinema português propostas pelos círculos intelectuais da oposição cultural ao regime fascista, particularmente os chamados neo-realistas. Ao aproximar-se das novas correntes cinematográficas internacionais, nomeadamente do cinema que começava então a designar-se por Moderno, e ao aperceber-se da importância dos festivais internacionais de cinema na afirmação desse cinema e para a sua própria afirmação estética, os novos realizadores de cinema dos anos 60 apostariam numa concepção romântica e alto-modernista de cinema, reivindicando o mesmo estatuto e o mesmo apoio do Estado em relação às Belas Artes ao mesmo tempo que iam afirmando, o mais das vezes de forma implícita, a sua indiferença pela falta de adesão do público português ao seu cinema. Nesta comunicação, argumentaremos que foi, por um lado, por razões histórico-genéticas ligadas ao momento em que surgiu o Novo Cinema Português, por outro, por motivos estruturais ligados ao mercado cinematográfico português e aos circuitos internacionais de distribuição e legitimação do cinema artístico, que o cinema português contemporâneo com pretensões artísticas manteve, ao longo dos últimos 50 anos, muitas das mesmas características. |
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Bibliografia | BORDWELL, David (2002) – "The art cinema as a mode of film practice", The European CinemaReader. Catherine Fowler (ed.). London: Routledge. p. 94-102.
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