ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Formas fílmicas de pensamento: as vanguardas históricas |
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Autor | Daniela Duarte Dumaresq |
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Resumo Expandido | As experiências artísticas pertencentes a tradição das Vanguardas históricas têm em comum a ambição de associar pensamento e experimento formal. Olhar para o mundo de forma menos convencional; procurar no mundo diferentes formas de vê-lo e dizê-lo. Mais tarde essas experiências fundamentariam um conceito: reflexividade. O filme reflexivo estabelece um diálogo com o espectador a partir de recursos que rompem com a ilusão: não se pode mergulhar no filme e esquecer o mundo como não se pode ver o mundo a partir do filme. A obra pode, no entanto, nos ajudar a pensar o mundo. Ao experimentar as formas de construir e representar o mundo, ela nos fala deste.
Na teoria do cinema, o conceito de reflexividade aparece, nos anos 1970, relacionado ao pensamento de esquerda e aos escritos de Brecht e Althusser. Em sentindo estrito, a reflexividade fílmica é expressão de uma atitude política e imprime no filme uma estilo que pressupõe uma política. Em sentindo amplo, remete a filmes que tratam de questões relacionadas com a produção dos filmes, sua autoria, suas influências intelectuais e o próprio lugar do espectador.Para Stam hoje não seria mais possível pensar a forma reflexiva como progressista, uma vez que discursos tão díspares como o materialismo dialético e a publicidade se apropriaram dessa forma. E se a influência de Brecht orientaria uma construção que opõe reflexividade e realismo, o autor chama atenção de que, no entanto, ambos podem coexistir em um mesmo texto e seria mais apropriado falar em “coeficiente” de realismo e reflexividade. Interessa-me, no entanto, refletir sobre as formas fílmicas que ambicionam se colocar politicamente na cena artística. Nesse ponto a reflexividade proposta pelos filmes assume a postura de uma política do olhar: é preciso não habituar o olhar e continuar a procurar diferentes formas de ver. Nesse ponto ganha destaque o trabalho dos surrealistas. Às normas da boa educação e às censuras da razão, os surrealistas contrapõem o fluxo dos sonhos, um grito libertário contra tudo o que está estabelecido. Esse retorno às vanguardas históricas e ao Surrealismo, em particular, nos ajudar a pensar como as formas contemporâneas estão construindo um olhar engajado. |
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Bibliografia | ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos de Estado. Rio de Janeiro: Graal, 1998.
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