ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Globalização cinematográfica no Brasil |
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Autor | André Piero Gatti |
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Resumo Expandido | Globalização cinematográfica no Brasil
A economia do cinema nasceu totalmente internacionalizada. Os primeiros exibidores, equipamentos e filmes eram todos oriundos de nações tais como: França, Estados Unidos, Itália etc. Por sua vez, esta situação acabou por dar todos os contornos que dizem respeito ao cinema e à sua indústria no País ao longo da sua trajetória. A negociação deste processo de internacionalização se deu secularmente entre uma relação estreita entre o capital internacional e o capital nacional. O esquema desta negociação se configurava da seguinte maneira: os exibidores estabelecidos se identificavam com o capital nacional enquanto, por sua vez, os distribuidores de filmes importados mantinham laços estreitos com o capital internacional. Estes que aqui se estabeleceram através de vários modelos de negócios. Alguns distribuidores operaram como exibidores e estabeleceram um modelo de verticalização que vigora até os dias de hoje. Portanto, configura-se uma situação de negociação estreita entre os capitais nacional e internacional, onde às vezes, ficava difícil se delimitar as fronteiras. A verticalização entre a distribuição e a exibição deu maiores fôlegos aos exibidores que conseguiram sedimentar uma rede de salas de cinema que se espalhou por todo o país. Este cenário permitiu que se passasse a ter um circuito exuberante que cresceu continuamente, pelo menos, até o advento do cinema sonoro. Não fosse esta solidariedade econômica entre o exibidor local e os distribuidores de filmes importados, o ramo da exibição não teria alcançado a envergadura que logrou, transformando-se no ramo mais dinâmico do cinema. Em detrimento do ramo de produção nacional que nunca foi capaz de alimentar o circuito com regularidade e qualidade para competir com o filme estrangeiro. O advento de uma politica de cota de tela, obrigatoriedade de exibição de filmes brasileiros de longa-metragem, é uma prova cabal de que a presença do filme nacional sempre foi sujeita à presença do filme importado. Logo, a exuberância do setor da exibição se mostrou de grande fôlego empresarial. A Companhia Brasileira Cinematográfica (CBC) era uma empresa que ostentava um capital de US$ 1.000.000,0, em 1913. Em valores atualizados, tal soma representaria mais de meio bilhão de dólares. A CBC encabeçada por Francisco Serrador deu uma forma ao circuito de exibição comercial, fruto de uma franca aliança com os produtores-distribuidores das empresas majors, principalmente. Na trajetória da comercialização, entre 1907 e 1980, não se pode dizer que não tenha havido a presença de empresas exibidoras estrangeiras em território brasileiro, mas tais salas e circuitos eram poucos e, de fato, nunca chegaram a representar alguma ameaça para a hegemonia dos empresários locais. Estes que se estabeleceram e dividiram o mercado em conluio com as empresas norte-americanas. Os nomes destes exibidores estrangeiros se confundem com aquelas verticalizadas com a produção e distribuição, a eufonia dos próprios não deixa dúvidas: Paramount, UFA, Pelmex, Tohei, Metro, Gaumont e outras foram empresas estrangeiras que mantiveram alguns braços de exibição no mercado nacional. Via de regra, o interesse destas empresas era o de manter apenas algumas poucas salas lançadoras, pois não seria de bom alvitre concorrer com aqueles que mantinham os seus filmes em circulação de maneira rotineira e lucrativa. Entretanto, a década 1980 haveria um divisor das águas internacionais. As empresas exibidoras se globalizaram avançando sobre os mercados mais lucrativos primeiro (EUA, Ásia e Europa). Entretanto, com o esgotamento destes mercados, as empresas cinematográficas passaram a se interessar pelo mercado latino-americano. O Brasil entrou nesta rota e as gigantes da exibição aqui se estabeleceram a partir de 1997. E, de lá para cá, reformataram o mercado à sua imagem e semelhança. |
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Bibliografia |
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