ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Chto Delat: o audiovisual como estratégia marxista pós-soviética |
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Autor | Neide Jallageas |
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Resumo Expandido | A exemplo do 14º Socine, quando apresentei a produção audiovisual do coletivo russo AES+F, proponho contribuir com a discussão em pauta neste 15º Congresso, no seminário temático Cinema, transculturalidade, globalização. Desta vez, inclusive, motivada pela proposta Imaginário (In)visíveis, apresento o trabalho de outro coletivo russo, o "Chto Delat?" ("Que fazer?"), criado em 2003. O grupo se iniciou objetivando colocar às claras, em forma de denúncia, o que considera ser “a morte do pensamento político em território russo”. Da mesma forma, esta apresentação almeja adensar, senão oferecer uma perspectiva pouco ou quase nada explorada em terreno ocidental, a discussão sobre as estratégias de ativismo político através da arte, em países pós-soviéticos. O "Chto Delat?", por sua vez, singulariza-se por estabelecer-se por meio de uma plataforma política que busca atualizar o potencial do passado soviético através de ações distintas no campo da cultura. Neste, a produção audiovisual constitui-se parte integrante de um todo interdisciplinar: redação e publicação de jornais impressos e de blogs, a manutenção de um site sempre atualizado, a participação em Foruns Internacionais e performances em espaço público (ativismo urbano). As estratégias de diversos antecessores soviéticos, cineastas, escritores, pintores, são atualizadas e colocadas em questão. Isso se dá com as propostas de montagens de Eisenstein e Vertov, com as ações discursivas elaboradas na revista LEF (Frente Esquerda das Artes), por Osip Brik, Serguei Tretiákov e Vladímir Maiakóvski ou com a formação dos “sovietes” (conselhos, cuja origem do nome já traz em sua acepção a ideia de coletivo) que "Chto Delat?" busca reformular através do conceito de “sovietes artísticos”. Busca-se desta forma contribuir com os estudos propostos por este seminário temático, demonstrando e colocando em discussão as estratégias de ativismo deste e de outros coletivos de artistas, provindos do extinto bloco soviético (Lituânia, Estônia, Ucrânica, Uzbequistão, Armênia, etc.) que, inclusive, se debatem com o capitalismo pós-globalizado, pós-fordista, que buscam, em suas próprias palavras, uma ação não-conformista, dissidente, vinculada a redes internacionais de êxodo, ao mesmo tempo que negam a visão otimista que as elites europeias, principalmente, lançam sobre o capitalismo nos países do ex-bloco soviético. Como objeto de análise, será mostrado o filme/vídeo "Builders", realizado pelo "Chto Delat?" em 2004, que rediscute as relações de produção, o trabalho e o lazer, a partir de uma pintura russa de 1961, de autoria de Viktor Popkov cujo título é "Os construtores de Bratsk". Pretende-se demonstrar assim, também a exemplo da comunicação que apresentei no Socine anterior, que este coletivo pode ser considerado um processo de resistência. Mas, diferente do AES+F, "Chto Delat?", expande as fronteiras da problemática russa pós-soviética retomando uma discussão do período soviético e testando continuamente a sua validade na contemporaneidade, no campo da política e da arte. E o faz em busca do resgate das estratégias das vanguardas russas. |
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Bibliografia | COSTINAS, Cosmin; DEGOT, Ekaterina; RIFF, David. 1a Ural Industrial Biennial Of Contemporary Art Main. Shockworkers of the Mobile Image. Project. Ekaterinburg (Russia): The Ekateringurg Branch of the National Center for Contemporary Arts, 2010.
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