ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | O filme-família, Hollywood e o imaginário internacional-popular |
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Autor | Mirian Ou |
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Resumo Expandido | Bazalgette e Staples (1995) estabelecem uma diferenciação entre filmes norte-americanos e europeus que buscam atrair o público infanto-juvenil. Enquanto estes últimos realizariam filmes voltados mais especificamente para crianças, aqueles fariam obras voltadas para toda a família: atraentes para crianças, mas para adultos também. Logo, de acordo com os autores, os europeus, em sua maioria, fariam filmes infantis. Já os americanos, “filmes-família” ou, no original, “family films”. Desta categoria, um exemplo emblemático citado por eles seria a comédia "Querida, encolhi as crianças" ("Honey, I shrunk the kids", Joe Johnston, 1989), filme que estampa já no título a busca por uma plateia multi-etária.
Embora a divisão entre europeus e americanos seja discutível, observar que boa parte dos filmes hollywoodianos classificados como infantis por aqui são, mais precisamente, voltados para uma grande parcela demográfica (cujo símbolo é a família), é passo importante para compreender uma das principais estratégias da indústria cinematográfica hegemônica, estratégia que se torna central no processo de mundialização do entretenimento. O filme-família procura excluir ao mínimo segmentos de público, preferencialmente ninguém. Segue o ideal de um entretenimento universal, que busca transcender diferenças de idade, raça, gênero, religião, cultura ou posicionamento político. Os filmes-família não formam rigorosamente um gênero, principalmente na acepção textual do termo, uma vez que suas estruturas formais e temáticas podem ser bastante distintas entre si. Na categoria, podem-se observar obras representativas de vários gêneros já tradicionais: comédia, ficção científica, musical, western, aventura/ação, fantasia, entre outros. O que os une é a concepção de uma prática social de produção e comercialização, e de recepção também. Talvez pela falta de grande unidade textual das obras e por algumas dificuldades de classificação, o tema tenha sido pouco trabalhado, fato que não tira a relevância do recorte. Em 2010, por exemplo, filmes-família predominaram no ranking das maiores bilheterias mundiais, com títulos como "Toy Story 3" (Lee Unkrich), "Alice no País das Maravilhas" ("Alice in Wonderland", Tim Burton), "Harry Potter e as relíquias da morte" ("Harry Potter and the deathly hallows", David Yates), "Shrek para sempre" ("Shrek forever", Mike Mitchell) e "Meu malvado favorito" ("Despicable me", Pierre Coffin, Chris Renaud), entre outros. O trabalho pretende focar a exploração do filme-família por Hollywood no processo de globalização. Apresentando um breve panorama, serão apontadas algumas estratégias estéticas e comerciais pelas quais Hollywood vem buscando aumentar a penetração desses universos fictícios em uma plateia cada vez mais ampla. O processo de constituição e de retroalimentação de um imaginário internacional-popular (ORTIZ, 1994) encampado por esses filmes é fundamental para tanto. Outro ponto a ser destacado é o fato de filmes-família oferecerem condições especiais de implementação de franquias cinematográficas, que geram sequências e produtos licenciados. Esta prática, que tem ganhado impulso com o processo de sinergia da indústria, permite a materialização desses universos fictícios de diferentes formas, contribuindo para a expansão e perpetuação desse imaginário. |
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Bibliografia | ADDISON, Heather. Children's films in the 1990's. In: DIXON, Wheeler W. Film Genre 2000: new critical essays. Nova Iorque: State University of New York Press, 2000.
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