ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Aprofundamentos sobre a conversão para o cinema sonoro no Brasil |
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Autor | Rafael de Luna Freire |
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Resumo Expandido | Os estudos históricos sobre a conversão para o cinema sonoro no Brasil consistem, até hoje, em sua quase totalidade, em relatos sobre “pioneiros” e “momentos-chave”. Em grande parte, isto se deve à ênfase da historiografia clássica do cinema brasileiro na produção (ficcional), desprezando as questões relacionadas à distribuição e exibição de filmes (nacionais ou estrangeiros) no país. De um modo geral, indica-se a exibição do primeiro filme sonoro no Brasil em 1929, sendo dada como certa a consolidação do cinema sonoro no país a partir daí. É discutida ainda a rejeição estética ao som pelas revistas O Fan e Cinearte, o otimismo dos produtores brasileiros com a rejeição inicial de parte do público ao filme falado em inglês, e, por fim, a frustração pela aceitação dos talkies agora legendados. Percebendo como se trata de um processo muito mais complexo do que a historiografia geralmente assumiu, defendo que a conversão para o cinema sonoro no Brasil – ou melhor, a adoção da exibição de filmes sonorizados e sincronizados mecanicamente como padrão comercial – deve ser cuidadosamente analisada a partir de três eixos inescapavelmente interligados: 1) a conversão do circuito exibidor brasileiro à projeção sonora; 2) as estratégias de distribuição de filmes estrangeiros durante o processo de conversão; 3) as iniciativas de produção de filmes sonoros brasileiros durante esse período. Por limitações óbvias, esta comunicação se dedicará somente ao primeiro e menos explorado desses eixos. A chegada do filme sonoro ao Brasil no final dos anos 1920, principalmente a produção de Hollywood falada em inglês e dominante no mercado nacional desde 1916-1917, obviamente encontrou dificuldades e resistências em sua chegada ao mercado brasileiro, tanto para atrair os espectadores desconhecedores do idioma estrangeiro quanto para serem exibidos num circuito exibidor que precisava ser totalmente reequipado para se adequar à(s) nova(s) tecnologia(s) do sonoro. O resultado inicial foi indefinição, cautela, controvérsia e confusão. Os talkies inegavelmente chamaram atenção pela novidade, mas as mudanças para sua adoção como padrão foram lentas, irregulares e distintas no contexto mais amplo. Pode-se perceber as dificuldades para essa adaptação inclusive por controvérsias de definição, instaurando-se certa confusão semântica entre “o cinema falado (movietone)” e “o cinema sincronizado (vitaphone)”. A variedade e multiplicidade das definições, filmes e sistemas também se refletiram no circuito exibidor brasileiro, que não reagiu da mesma forma e na mesma velocidade à novidade. Se entre 1929 e 1930 houve uma primeira onda de conversões no mercado brasileiro – sobretudo nos novos |
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Bibliografia | ALTMAN, Rick (org.). Sound theory/ Sound practice. New York: Routledge, 1992. BERNARDET, Jean-Claude. Historiografia clássica do cinema brasileiro. São Paulo: Annablume, 1995. COSTA, Fernando Moraes. O som no cinema brasileiro. Rio de Janeiro: Sette letras, 2008. FREIRE, Rafael de Luna (org.). Nas trilhas do cinema brasileiro. Rio de Janeiro: Tela Brasilis, 2009. ______. “Versão brasileira”: Contribuições para uma história da dublagem cinematográfica no Brasil nas décadas de 1930 e 1940, 2011 (artigo submetido para publicação). WEIS, Elisabeth, BELTON, John (org.). Film Sound: theory and practice. New York: Columbia University Press, 1985. GONZAGA, Alice. Palácios e poeiras: 100 anos de cinemas no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Record, 1996. RAMOS, Lécio Augusto. Cinearte e a polêmica do sonoro. In: MACHADO, Regina (ed.) Cinearte. Rio de Janeiro: CPCB: Cinemateca do MAM, 1991. |