ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Considerações sobre a crítica cinematográfica em Walter da Silveira |
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Autor | Rafael Oliveira Carvalho |
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Resumo Expandido | O crítico de cinema enquanto profissional só ganhará certa consideração na sociedade principalmente quando o cinema se elevar à categoria de arte, passando a levar milhares de pessoas às salas de exibição. Isso se dá em meados do século XX, no pós-guerra, quando vão surgir, na Europa e nos Estados Unidos, as primeiras revistas especializadas em cinema, como a Cahiers du Cinéma (1951), Positif (1952), Screen (1952), Sight and Sound (1932 – essa antes da guerra) e Film Quartely (1945), reafirmando, assim, o status alcançado pelo cinema.
Segundo Ruy Castro (2004), foram os críticos da revista francesa Cahiers du Cinéma os responsáveis pela promoção e status de relevância que a crítica vai alcançar em todo o mundo. Na efervescência das décadas de 50 e 60, também no Brasil, ela amparava-se na História, Religião, Ética, Psicanálise, Antropologia, e tantas outras áreas do conhecimento, para analisar um filme. Ainda segundo Castro, o texto crítico passou a ser respeitado não só como juízo de valor sobre determinada obra, mas também como forma de expor o pensamento ou visão política de quem o escrevia. No entanto, muito se tem falado sobre uma possível crise que a análise crítica vem enfrentando ultimamente. Se em meados do século passado o crítico de cinema possuía posição de influência na sociedade, essa situação se inverte hoje. De acordo com Piza (2007), as revistas culturais já não possuem o mesmo nível de influência de antes, os textos se dedicam cada vez mais a valorizar as celebridades e menos os produtos em si, há maior interesse em repercutir na mídia os fenômenos de audiência de massa, em detrimentos de produtos culturais alternativos e que provavelmente não atrairão grandes lucros. Tais atitudes se tornaram cada vez mais comuns nos veículos de comunicação. Dessa forma, é possível formular a seguinte questão-problema: de que maneira a crítica cinematográfica pode sair da esfera do mero texto de teor impressionista e ser capaz de contribuir para o resgate, conhecimento e discussão da produção cinematográfica? É sobre tal questionamento que este estudo deseja se debruçar. Para tanto, pretende-se resgatar a produção ensaística do crítico de cinema Walter da Silveira como fio condutor para análise. A principal razão do interesse pelo campo da crítica e da análise fílmica é a de contribuir para as pesquisas acerca do tema cuja área de produção vê-se pouco valorizada hoje, levando-se em consideração as poucas contribuições acadêmicas sobre o assunto. As relações ainda conflitantes entre aqueles que realizam a crítica cinematográfica como ofício e aqueles que desenvolvem a arte do cinema ou mesmo o público leitor acabam criando certo distanciamento e pouco interesse para o estudo dessa forma de produção analítica que envolve a sétima arte. Ao mesmo tempo, a própria análise fílmica é mais valorizada enquanto produto final de monografias e teses do que o próprio estudo sobre o assunto e suas implicações. Além disso, pretende-se resgatar e conferir importância ao trabalho de Walter da Silveira enquanto intelectual de cinema, sempre preocupado com a discussão e valorização da sétima arte como produto cultural, através de uma extensa obra ainda tão pouco conhecida e discutida. A figura de Walter da Silveira faz parte do rol de grandes intelectuais baianos. Sua produção como crítico de cinema é de grande extensão, mas ainda sem o prestígio merecido pela erudição e perspicácia com que se desenvolvia. Nesse percurso, portanto, é preciso traçar um panorama sobre a vida e obra de Walter da Silveira e sua importância como crítico que prezava tanto pela formação cultural das pessoas. Debruçar-se sobre a obra de Walter da Silveira torna-se, assim, uma grande contribuição para disseminar a importância desse grande intelectual baiano e, consequentemente, para o despertar da visão crítica em torno das obras fílmicas. |
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Bibliografia | BAECQUE, Antonine; LUCANTONIO, Gabrielle. (Orgs). Teoria y crítica del cine. Buenos Aires: Paidós, 2005.
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