ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Cinema e educação - uma experiência de reinvenção |
|
Autor | Maria Cristina Miranda da Silva |
|
Resumo Expandido | O estudo desenvolve nexos entre educação, cinema, cultura e currículo, apresentando algumas pontuações sobre as formas de apropriação e recontextualização do cinema na educação. Analisa o cinema e suas mediações, o seu potencial educativo contido desde os seus primórdios e a experiência do cinema como arte na formação do espectador contemporâneo. Objetiva contribuir para a reflexão do cinema no currículo escolar como uma experiência efetivamente artística, congruente com a formação estética audiovisual inscrita no campo da educação transformadora.
A reflexão sobre cinema e educação passa por várias dimensões, desde a mais simples – sua utilização como recurso didático – às mais elaboradas, que pressupõem o conhecimento e experimentação técnica, a reflexão sobre a sua história, sua tecnologia, sua linguagem, sua estética, e sobretudo, a produção de sentido, inerente a todas as linguagens artísticas. Sustentamos no estudo que a reflexão sobre o cinema na educação deve se dar a partir do resgate de 3 momentos de sua história: 1) a contextualização da invenção e utilização dos aparelhos ópticos do século XIX - tanto os de observação individualizada, quanto os de fruição coletiva - que nos permite evidenciar a capacidade de transparecer a sua estrutura de funcionamento conjugada com a capacidade de fornecer ao observador imagens ilusórias, qualidades estas que denominamos respectivamente de ‘visibilidade’ e ‘fantasmagoria’ (Crary, 1994); 2) a experiência de fruição dos espectadores nos anos iniciais do cinema, influenciada pelos espetáculos de variedades e atrações (Gunnning, 1989), em que os exibidores muitas vezes atuavam como narradores e/ou comentadores, recriando o material exibido; 3) O desenvolvimento do cinema narrativo clássico a partir de Griffith, que podemos considerar como uma das possibilidades do cinema, resultado de algumas opções estéticas e de pressões econômicas (Machado, 1997:191), mas não única, a exemplo dos diversos movimentos como o das Escolas Soviéticas, a nouvelle-vague francesa, o underground americano, os cinemas novos, dentre outros. O estudo particulariza estas dimensões, propugnando que as mesmas devem ser recontextualizadas na reflexão sobre a formação do espectador contemporâneo e o desenvolvimento de novas possibilidades da linguagem cinematográfica e audiovisual. O olhar da criança e do jovem está sempre aberto a novas possibilidades e ressignificações na arte. A formação estética audiovisual para uma educação transformadora deve se dar a partir do conhecimento e reconhecimento dos elementos estéticos e da experimentação de novas possibilidades de criação. Conforme Leandro (2001), as imagens também podem ser abordadas como espaço de construção de conhecimento. O estudo analisa elementos presentes na obra de Godard para sustentar que a fruição estética do cinema deve ser trabalhada não somente na apresentação mas também na experimentação de sua linguagem, notadamente nas diferentes formas de produzir sentidos com imagens e sons. A saturação das imagens provocada pelas diversas mídias torna o problema da fruição e da leitura das imagens um tema central na educação básica. Trabalhar o cinema na educação pressupõe a critica à pasteurização e à saturação das imagens provocadas pela indústria cultural, demandando do educador conhecimentos teóricos e práticos capazes de particularizar a experiência do cinema como arte e a formação estética audiovisual. Nessa perspectiva, buscamos a desnaturalização do cinema como mercadoria, buscando, na leitura da arte e na formação do espectador, a reinvenção do cinema e de sua linguagem como fruição cultural e artística capaz de fomentar uma cultura critica e libertária, fundamentos de uma educação emancipatória. |
|
Bibliografia | BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras Escolhidas; v.1. São Paulo: Brasiliense, 1986 (2ª edição).
|