ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Zumbilândia: Vida, ou quase vida, no paraíso do consumo |
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Autor | Fernando S Vugman |
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Resumo Expandido | Zumbilândia: Vida, ou quase vida, no paraíso do consumo
A figura do “zumbi” já freqüenta os filmes hollywoodianos quase desde os primórdios da indústria cinematográfica estadunidense, já nos anos 1930, sendo o mais antigo o filme White Zombie (1932), dirigido por Victor Halpering e estrelado por Bela Lugosi. Podemos afirmar que a partir daí não apenas surgem novos filmes com esse personagem, como também se cristaliza a sua representação como a de um ser escravizado pelo seu mestre, uma relação entre mestre e escravo construída por meio da magia ou da feitiçaria. A partir de A noite dos mortos vivos (1968), dirigido por George Romero, a representação do zumbi sofre uma grande transformação. Agora, os mortos vivos não são mais ressuscitados por métodos mágicos, como no vudu; não são mais corpos sem vontade própria e escravizados pelo vilão da trama, mas seres movidos por algum impulso interno, de origem não (ou mal) explicada, alheios a qualquer ordem externa. Assim, com A noite dos mortos vivos, várias mudanças importantes são introduzidas; dentre elas, além da ausência de uma explicação mágica para o aparecimento desses seres, a aquisição de uma aparente vontade própria, cujo impulso se baseia numa fome insaciável pela carne de humanos vivos. Em outras palavras, se até então os filmes de zumbi tinham como pano de fundo uma sociedade industrial em seus primórdios e hierarquizada e anterior à sociedade de massas, agora os zumbis podem ser lidos como metáforas de indivíduos movidos pelo consumo, numa sociedade em que o valor maior passou a ser o ato de consumir. Em outras palavras, a partir de George Romero os filmes de zumbi são atualizados para uma representação social mais contemporânea, fortemente focado no consumismo das sociedades ocidentais. Dez anos depois, Romero retorna com O despertar dos mortos (1978), filme em que o refúgio dos vivos é um shopping center, enfatizando assim a crítica ao consumismo que já tomava conta da sociedade estadunidense e que já aparecia de forma menos explícita no filme de 1968. Em 2009 o diretor Ruben Fleischer lança Zumbilândia, filme satírico do gênero onde predomina o humor negro, mas que, principalmente, conduz a lógica inicial do primeiro filme de Romero (de que os EUA estavam mergulhando numa sociedade movida pelo consumo) ao extremo, e retrata os Estados Unidos como totalmente dominados por zumbis, com exceção dos quatro protagonistas; daí resulta uma sociedade onde nada mais é produzido, ao mesmo tempo em que há uma abundancia de bens disponíveis (embora com data de validade) que ninguém mais pode consumir, enquanto resta aos personagens vivos nada mais do que consumir, sem sentido, nem objetivo. O trabalho que aqui se propõe a apresentar um breve histórico comentado do gênero (filmes com mortos vivos), detendo-se nesses dois momentos (antes e depois de A noite dos mortos vivos) para então fazer uma análise do filme de Fleischer em contraponto com os principais filmes de George Romero, observando suas continuidades e defendendo a hipótese de que Zumbilândia encerra e esgota as possibilidades de significação sociológica iniciada com A noite dos mortos vivos ao levar a lógica da sociedade de consumo ao seu limite. |
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Bibliografia | ADORNO, Theodor. Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
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