ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Imagens e imaginários de Brasilia: itinerários do cinema nacional |
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Autor | Tania Siqueira Montoro |
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Resumo Expandido | O cinema chegou a Brasília junto com os candangos, o concreto, as máquinas, os ferros e equipamentos. Desde a primeira visita de Juscelino Kubitschek ao Planalto Central, o cinema se fez presente. Brasília foi filmada, acompanhada, vista..., pela lente de cinegrafistas, fotógrafos e repórteres. Em 1956 a fundação da cidade foi registrada pelas câmeras de Jean Mazon, Carlos Niemayer; Isac Rosemberg e muitos cinegrafistas e anônimos que filmaram a cidade sendo erguida no Planalto Central.Em seus primeiros anos, a cidade conquistou definitivamente sua identidade com o cinema: primeiro, com a implantação de um curso de cinema, também inédito no país, com entusiasmo de professores e cineastas que habitam a memória histórica do cinema como Paulo Emilio de Salles Gomes, Nelson Pereira dos Santos, Eugene Feldman,Jean ClaudeBernadet e depois, com a realização anual, sempre em novembro, do mais tradicional Festival de Cinema Brasileiro do país, atualmente patrimonio cultural imaterial da cidade.
Para refletir sobre imagens e imaginários de Brasília dialogo com Simmel(2000)que conduziu suas reflexões para o estudo do cotidiano para ampliar o conceito de imaginário.Afirma o teórico que os estudos do imaginário devem ser ancorados em um pensamento complexo, flexível e pluralista, que incorpora a contradição e ambivalência. Este campo de estudos sobre imagens ordenam os modos de representação que constituem a relação simbólica do homem com o mundo. O autor assinala que toda relação entre os homens faz nascer em um uma imagem do outro. Esta experiência constitui a base de um conhecimento recíproco situado em um dos pontos em que o ser e a representação tornam -se empiricamente sensível em uma misteriosa unidade.Os significados de Brasília das mil imagens cotidianas que a desnudam, e ao mesmo tempo, a convocam ancoram-se em um processo paradoxal e ambíguo que se desenrola entre o mesmo e o outro. Filmada por Joaquim Pedro de Andrade em 1967 em “Brasília – Contradições de uma cidade nova”,o imaginário da nova capital dos brasileiros funda - se nas contradições do próprio país. Brasília - a cidade monumento; o feminino de Brasil congrega as contradições econômicas, sociais, políticas, religiosas, culturais,de arquitetura e de paisagismo da nação brasileira.E não poderia ser diferente. Pensar Brasília como um projeto fundante do Estado e da Nação brasileira conduz a labirintos de confluências e reciprocidades que, ao tempo que promove uma suspensão e um deslocamento do olhar, revela percursos que evidencia questões candentes que ultrapassam impasses e desnudam alternativas capaz de fazer mediação entre as pontas que separam os abismos entre classes sociais e abre espaço para entrever o transito entre o passado e futuro, entre paradoxos, injustiças e ambigüidades. A construção imaginária da cidade nos filmes, que a tomam como cenário ou como protagonista, vem dentro de uma esfera intercambiante de imagens e linguagens que demarcam fronteiras de sentidos.Particularmente, os filmes dos cineastas da geraçao que nasceu na cidade, aponta um sistema de interação comunicativa entre os atores sociais, cenários urbanos e periféricos; arquiteturas e topografias sonoras configurando as contradições e diversidades da capital reveladas a partir dos contraditórios pontos de encontros da cidade como bares, cinemas, comércios, rodoviária, áreas de lazer e pela profusão de sotaques que produzem uma sinfonia de “ falares” que constrói-se neste entroncamento lingüístico entre o nativo, o imigrante europeu e os migrantes e ainda, entre o urbano e o rural; o moderno e o arcaico. E isso gerou um modo de falar próprio congregando a coexistência de múltiplas linguagens - um modo de comunicar assentado na relação dos habitantes em suas experiências reais e cotidianas de vivencia na cidade - mitica e imaginaria da modernidade brasileira. |
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Bibliografia | CARVALHO, Wladimir. Cinema Candango. Edições Cinememória. Brasilia, 2002,271pp.
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