ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | A UNESCO e os novos cinemas: políticas de promoção das cinematografias |
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Autor | Rosana Elisa Catelli |
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Resumo Expandido | Desde a sua criação, em 1945, a UNESCO tem atuado nas políticas culturais referentes ao audiovisual. Esse organismo tem formulado proposições com o intuito de promover a igualdade de acesso à informação no mundo, dando importância aos meios de comunicação social. Nosso trabalho apresenta alguns resultados parciais a respeito das políticas da UNESCO no campo do cinema, entre 1945 e 1975. A UNESCO, agência especializada do Sistema das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, foi pensada para atuar e reverter as assimetrias postas pelo fluxo de informações a partir dos processos de globalização da segunda metade do século XX. Como ator político global, reúne sob a sua sigla representantes de várias partes do mundo, até a década de 1950, a entidade era basicamente ocidental e tinha Estados Unidos, Inglaterra e França como países de maior potencial decisório para estabelecer suas diretrizes. Nesse período, seu funcionamento e suas conferências faziam parte dos conflitos postos pela Guerra Fria e pela conseqüente bipolarização do mundo. No final dos anos 50 a configuração política da UNESCO passa por alterações significativas a partir da entrada da URSS e de países do leste europeu. Nos anos sessenta a entidade torna-se cada vez mais multicultural e multiétnica e menos bipolarizada, com a entrada maciça de países que se formaram com os processos de descolonização dos países africanos e asiáticos. De 1954 a 1963, 31 novos Estados membros do continente africano e cinco países da Ásia e Oriente Médio ingressaram na UNESCO. Nos dez anos seguintes, outros cinco países africanos e seis asiáticos passaram a fazer parte da entidade.
Os meios de informação, rádio e cinema, desenho animado, cartazes e outros recursos audiovisuais da época e, mais tarde, a televisão foram considerados fundamentais aos objetivos da UNESCO de manutenção da paz, de garantia da segurança e dos direitos dos povos à educação, à ciência e à cultura. O emprego desses meios para tais fins foi pensado a partir de metodologias experimentais e das possibilidades de contribuição desses meios para a ampliação da comunicação entre os povos. A UNESCO, desde a sua criação, demonstrou uma grande atenção em relação aos países em desenvolvimento. No final dos anos 50, no campo audiovisual, houve uma atenção especial ao continente africano, a partir de iniciativas de criação de jornais, estações de rádio e TV, assim como estúdios de cinema nos países em desenvolvimento. Essas medidas são recomendações da Assembléia Geral da ONU, sendo atribuída a UNESCO a tarefa de realizar o levantamento de recursos necessários. No mesmo período, também propuseram políticas para os países da América Latina e Ásia, tais como projetos de produção audiovisual, estudos e publicações a respeito dos recursos audiovisuais. A UNESCO incentivou a produção audiovisual, como uma das alternativas de diminuir as desigualdades na produção de conhecimento e imagem existentes entre os países considerados desenvolvidos e subdesenvolvidos. Sendo assim, teve uma acentuada ação na produção de filmes e na reflexão a respeito do uso do cinema na educação escolar, na educação popular e como recurso para os diversos movimentos sociais. Os vários programas que foram desenvolvidos pela UNESCO para o cinema, em especial para os cinemas do terceiro mundo, foram elaborados por pesquisadores e críticos de cinema franceses: Georges Sadoul, Louis Marcorelles, Edgar Morin, estão entre os nomes que aparecem nas proposições sobre os novos cinemas. Pretendemos analisar as concepções desses autores a respeito da formação desses cinemas nacionais e elencar algumas ações da UNESCO que promoveram a formação de profissionais de cinema, a formação de infraestrutura para o audiovisual e o incentivo a uma determinada produção de filmes vinculada principalmente ao cinema direto. |
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Bibliografia | BAECQUE, Antoine de. Cinefilia: invenção de um olhar, hiostória de uma cultura. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
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