ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Escritas da cidade: processos subjetivos e espaço urbano no cinema contemporâneo brasileiro |
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Autor | Cezar Migliorin |
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Resumo Expandido | Em recentes produções do cinema contemporâneo brasileiro as cidade tem tido papel central. Entender os modos de vida, as circulações, as formas de poder e resistências, o mundo do trabalho precário e as opressões, passa, em grande parte, pelas formas de estar na cidade e pelas formas como as cidades são escritas a partir desses modos de vida.
Nessa comunicação pretendo explorar uma relação entre a imagem como representação e problematização das estéticas que organizam a polis. Tal relação é indissociável de uma abordagem que contemple as possibilidades políticas dos filmes à partir daquilo que é compartilhável no campo do sensível entre filme e espectador. Se a cidade é marcada por esquadrinhamentos sensíveis que definem lugares de fala e de visibilidade, o cinema se apresenta como o que dá a ver esses recortes ao mesmo tempo em que inventa, com as vidas mesmo, formas de desfazer, esteticamente, esses esquadrinhamentos. A cidade é assim algo que pode aparecer a partir de um olhar e um pensamento que a constitua, tal é a potência crítica que pode atravessar o cinema. Nesse sentido, o esforço da comunicação está em perceber a relação das escrituras fílmicas e de suas estratégias ficionalizantes e as formas como as cidades são inventadas e criticadas nessas escrituras. Para tal, trabalharemos a princípio com dois filmes: O céu sobre os ombros (2011), de Sérgio Borges e Transeuntes (2010), de Erik Rocha. O primeiro filme se passa em Belo Horizonte, o segundo no Rio de Janeiro, entretanto, a cidade aqui é menos um nome ou um espaço em Minas ou no Rio de Janeiro, do que blocos urbanos que aparecem nas formas de subjetivação que nela se constituem, transitam e a afetam. Com os filmes nossa atenção se concentrará em três pontos que articulam a cidade e a escritura fílmica, mediadas pelas formas de vida: as configurações de um território, as organizações do espaço que entrelaçam vida e trabalho e na ficcionalização do cotidiano. Esses elementos devem ser contemplados dentro de uma inscrição na história do cinema. Nesse sentido, as linhas de continuidade e ruptura com o cinema moderno, no que tange cada uma das marcas desse cinema contemporâneo, devem ser analisadas. |
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Bibliografia | BALTAR, M. Pacto de intimidade ou possibilidades de diálogo entre o documentário de Eduardo Coutinho e a imaginação melodramática. Trabalho apresentado na Compós, 2005.
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