ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Imagens extraordinárias do lixo: da invisibilidade às telas do cinema |
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Autor | Marinyze das Graças Prates de Oliveira |
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Resumo Expandido | Nas sociedades contemporâneas, a intensa prática do consumo resultou em um processo de descartabilidade que alterou profundamente tanto o modo de relacionar-se com as coisas quanto as próprias formas de interação entre as pessoas. Consequentemente, os depósitos de lixo das grandes cidades ganharam feições de textos que permitem a leitura de múltiplos aspectos, tornando-se alvo, nos últimos anos, de várias produções cinematográficas, tanto brasileiras quanto internacionais. Neste artigo, pretende-se analisar três filmes que se ocupam dessa temática: Ilha das flores (Jorge Furtado, 1989), Lixo extraordinário (Karen Harley, João Jardim e Lucy Walker, 2010) e Os catadores e eu (Agnès Varda, 2000), no intuito de evidenciar como seus diretores também assumem a posição de recicladores, ao produzirem imagens a partir de sobras e detritos, que o poder público procura manter em locais distantes e os próprios habitantes das metrópoles gostariam de ver longe de seus olhares. As imagens capturadas nos filmes que constituem o corpus deste estudo permitem ler, inclusive, os enormes contrastes e hierarquizações que se estabelecem no seio das sociedades: situações tanto de abundância e privilégios sociais quanto de escassez e subalternidades. Ao se ocuparem da captura dessas imagens, os cineastas em questão se inserem na própria lógica do processo de produção artística contemporânea, que em grande medida se realiza por meio da reciclagem de elementos, seja tomados de empréstimo à tradição, seja apanhados nos lixões das zonas urbanas.
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