ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | O olhar cinematográfico em Do inferno: reflexões sobre a adaptação |
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Autor | Larissa Schlögl |
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Resumo Expandido | Este estudo analisa a adaptação cinematográfica Do Inferno ao apontar seu interesse narrativo e estético, com ênfase em seus componentes estruturais e temáticos a partir da transposição de uma história em quadrinhos para o cinema. Devido ao aumento considerável de adaptações cinematográficas baseadas na narrativa sequencial registrado nos últimos anos, escolho o tema em questão.
Abordo o processo tradutório que ocorre na adaptação da Graphic Novel “Do Inferno”. Este romance gráfico, publicado em 1999, foi escrito por Alan Moore e ilustrado por Eddie Campbell. A narrativa gráfica se passa na Inglaterra vitoriana e conta a história de Jack, o Estripador, por meio do olhar do próprio assassino. O filme foi lançado em 2001, roteirizado por Terry Hayes e Rafael Yglesias, e, dirigido por Albert Hughes e Allen Hughes. Com aporte na teoria criada por Julio Plaza, podemos considerar a adaptação de Watchmen uma transposição, pois se destacam as diferenças entre os suportes em questão: quadrinhos e cinema. O autor afirma que este tipo de tradução “se pauta pelo contato entre original e tradução” além de existir continuidade entre eles (PLAZA, 2008, p. 91). Proponho, ao focalizar em narrativas distintas, seqüencial e cinematográfica, apontar o diálogo existente entre os suportes. O objetivo é avaliar o processo de transposição de uma mídia para outra por meio das especificidades de cada meio. Ao considerar o diálogo entre as histórias em quadrinhos e o cinema, Will Eisner, quadrinista e teórico do assunto, refere-se à semelhança entre as histórias que ambos os suportes contam. “Não importa se o meio é um texto, um filme ou quadrinhos. O esqueleto é o mesmo. O estilo e a maneira de se contar pode ser influenciado pelo meio, mas a história em si não muda” (EISNER, 2008, p. 13). Problematizo a questão da “fidelidade” e as irregularidades que os desvios de leitura da adaptação geram na obra final. Parto do pressuposto que algumas características dos quadrinhos serão obrigatoriamente mantidas no filme, caso contrário não haveria identificação de adaptação. Segundo Robert Stam (2008), todas as adaptações são “infiéis” e dialogam umas com as outras, ao gerarem obras distintas. O autor evidencia que todo texto é um diálogo intertextual. Uma obra sempre pode originar outra obra distinta por meio de um olhar diferente. O que Stam sugere é a possibilidade de diferentes “leituras” de um texto, da mesma forma que um único romance pode motivar diversas adaptações. Sendo assim, o autor explica que nas adaptações cinematográficas ocorre um processo de transformação e transmutação de sucessivas referências intertextuais, “de textos que geram outros textos num interminável processo de reciclagem” (STAM, 2008, p. 22). Surge, para complementar o pensamento de Stam, a autora Linda Hutcheon, ao afirmar que "uma lição é que ser o segundo não é ser secundário ou inferior; da mesma forma, ser o primeiro não é ser originário ou oficial" (HUTCHEON, 2006, p. XIII). Assim, desmistifica qualquer hierarquia de que o original, supostamente, seria melhor que a adaptação, e, complementa que a mudança é inevitável. São tais mudanças que eu busco com a minha pesquisa. Porém, o estudo não intenciona procurar as semelhanças que ambas as artes sugerem, e sim procurar as suas especificidades e como ocorre a mudança de narrativa. Para a realização deste estudo, baseio-me na intersemiótica abordada por Julio Plaza com aporte na semiótica de Peirce. Utilizo teóricos da adaptação como Robert Stam, Linda Hutcheon, Umberto Eco, além de autores como Will Eisner entre outros estudiosos do narrativa sequencial. Assim, farei ponderações sobre este fenômeno chamado adaptação que há muito tempo desperta o interesse dos espectadores para a sala de cinema. |
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Bibliografia | BURCH, Nöel. Práxis do Cinema. São Paulo: Perspectiva, 2006.
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