ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Plataformas políticas, políticas de plataforma |
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Autor | Bráulio de Britto Neves |
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Resumo Expandido | Título: Plataformas políticas, políticas de plataforma: o ciberdocumentário ativista brasileiro da "publicação aberta" às armadilhas da Web 2.0.
A telematização da difusão audiovisual, iniciada no final do século XX, trouxe consequências inesperadas para a maioria dos teóricos e para os arranjos produtivos industriais. Nunca tantas pessoas diferentes produziram tantos documentários. Esta produção vem resultando na descoberta de uma poéitca da auto-constituição de públicos, os quais detém cada vez maior autonomia para definir critérios próprios de validez comunicativa e, portanto para a indexação da retórica do documentário. Mesmo que tomemos como referência as raras pesquisas que, escapando à moda catastrofista-deconstrutivista dos anos 1990, reconhecem nas transformações trazidas pelo videotape a partir dos anos 1980 a tendência pós-industrial à desconcentração do poder comunicativo, deve-se reconhecer que as enunciações cinematográficas documentárias telemáticas atuais colocam desafios interpretativos inauditos para cineastas, estudiosos e para os públicos telemáticos. O ciberdocumentário ativista, embora seja fundamentalmente debitário de toda a tradição documentária anterior no plano (intra)textual, principalmente temático, trouxe inovações decisivas nas relações que as enunciações documentárias pressupõem, atualizam e/ou constituem. O uso de um "conjunto videográfico hiper-ligeiro" que transforma a camcorder em uma extensão corporal exploara a imersividade háptico-proprioceptiva que acentua a reversibilidade da experiência perceptual das posições entres os três sujeitos: "diante", "detrás da câmera" e "confrontando a tela". Na pós-produção, a difusão telemática do vídeo acentua as práticas de apropriações de outras enunciações, já experimentada nas tradições do documentários experimental e/ou clandestinos. Agora, além da "reprodutibilidade tecnicamente ilimitada" proporcionada pela imagem digital, passa a ser corrente o uso de novos mecanismos jurídicos (as "licenças livres": Creative Commons, Copyleft, GPLs et alii) que garantem o caráter permanentemente coletivo da produção intelectual. A telematização da difusão tornou contíguos e contínuos os processos de apreciação, comentário ou reverberação do público, constituição de subpúblicos e contrapúblicos e a produção de novas enunciações. O fenômeno fulcral para as transformações em ambos os lados da enunciação cinematográfica documentária atual - da organização da produção em equipes à auto-constituição de contrapúblicos e subpúblicos - é chamado de "plataforma" (ou, como sugerimos, "plataforma de publicação"). As plataformas telemáticas de publicação atuais desempenham funções paratextuais de fornecimento das informaçòes colaterais que guiam a interpretação dos filmes, de maneira análoga à videolocadora, ao guia de programação da tv por assinatura (do início do "cinema tardio" ou "pós-industrial"), às salas de cinema (do cinema industrial "clássico") e às feiras e circos (do "cinema das origens"). Embora seja possível observar - como Kluge e Hansen - muitos traços em comum do ciberdocumentário atual com as atrações do cinema primevo, por causa da "abertura das caixas pretas" que eles compartilham, que torna possíveis múltiplas combinações nos arranjos retóricos (ou "dispositivos"), a contribuição deste paper explora as singularidades das controvérsias tecnopolíticas atuais em torno do uso (ou construção) ativista das plataformas telemáticas de publicação de vídeos. |
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Bibliografia | Hansen, M. "Reinventando os Nickelodeons". In: Almeida, J (Org.), Alexander Kluge: o Quinto Ato. São Paulo: Cosac e Naify, 2007, p.43-66.
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