ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | A escola de cinema do CAp UFRJ: desaprender imaginários (in)visíveis |
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Autor | Adriana Mabel Fresquet |
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Resumo Expandido | A Escola de Cinema do Colégio de Aplicação da UFRJ constitui uma iniciativa criada com o propósito de pesquisar vivencias de ver e fazer uma introdução à experiência do cinema por crianças e jovens no contexto escolar. Partimos da tese do Mestre Ignorante (Ranciere, xxxx), para quem o professor não pode subestimar a capacidade cognitiva e criativa dos alunos, visando fazer da aula (nesse caso, de cinema) um processo de emancipação intelectual. Traabalhamos para sensibilizar o intelecto (Ostrower, 1998). Definimos este e outros princípios que fazem como guias no caminho. Acreditamos na premissa godardiana de ver cinema como critério fundamental para aprender a fazê-lo. Podemos aprender cinema na cinemateca, no cinema e na escola sempre que consigamos endereçar o olhar para aquilo que não é visível no filme. Anteciparmos, imaginar as escolhas e outras opções de realização possíveis.
Outro princípio fundamental é colocar em diálogo os alunos com os artistas. Direta e indiretamente (através de filmagens, extras, depoimentos) apresentamos sempre algum cineasta, ator, roteirista para o grupo. Esse tem sido um critério que além de criar vínculos e aprender pontualmente sobre dicas ou secretos, surte uma motivação para além das expectativas. O quarto guarda relação com a proposta de “passagem ao ato” proposta por Alain Bergala (2006) e ainda pelas práticas aprendidas com a responsável pelo projeto Cinema em Curs, de A Bao A Qu, de Barcelona, Nuria Aidelman, com seu trabalho nas escolas de Catalunha. Trata-se de “filmar o possível”. O que está mais próximo, mais perto do seu cotidiano, o que é possível atuar, encenar, sem exigências de cenografia, figurino ou efeitos especiais. Inclusive em relação aos temas, visando que tenham a ver com seu universo de interesses e necessidades. Como a maioria dos exercícios ou pequenos curtas são realizados na própria escola, então, é pertinente provocar a ficção partindo da combinação de planos que partem do real e em cuja edição aparece a magia. Pretendemos que os princípios nos mantenham numa zona de fronteira. Ela fica definida entre o desejo do aluno, -da liberdade de escolhas- e as referencias no cinema. Para promover um processo criativo que se diversifique e parta de elementos concretos para agilizar a inspiração, sugerimos categorias – uma cor, uma luz, um sentimento – que agem como limites facilitadores da criação. As referencias dos filmes que são projetados na íntegra ou trechos dos mesmos durante as aulas são escolhidos e apresentados relacionando-os por critérios de filiação estética, por diretor, por tema, etc. Assim, apresentamos uma variedade de gêneros, épocas, diretores, culturas que permitem conhecer ou criar a curiosidade para ampliar o repertório disponível pelo circuito comercial. Nesse sentido a parceria com a Cinemateca do Museu de Arte moderna, MAM-Rio tem sido de um valor fundamental. As visitas à cinemateca, mergulhar no seu acervo, assistir filmes na sala de projeção permite fazer essa experiência muda coletiva tão cara a pedagogia da criação, pela qual podemos analisar criativamente os filmes imaginando as emoções do autor (Bergala, 2006). É significativo o processo de aprendizagem que decorre do projeto de ver e fazer cinema na escola. Mas, ainda é mais significativo problematizar como ele consegue desconstruir aprendizados, preconceitos, o status quo de algumas categorias de valor pessoal, das capacidades dos alunos e das possibilidades de se criar na escola. |
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Bibliografia | BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Duas Cidades/34, 2005.
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