ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Representação racial no cinema dos anos 2000 |
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Autor | Teresa Cristina Furtado Matos |
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Resumo Expandido | Esta proposta de pesquisa tem como objeto de estudo as representações sociais construídas pelo cinema brasileiro sobre as relações raciais no país, mais especificamente de negros e mestiços, vinculando-as a construção da auto-imagem nacional. Nos anos 2000 uma conjunção de fatores externos e internos (principalmente a atuação do movimento negro), colocou em xeque a representação das relações harmoniosas num país pacificado pela miscigenação. O termo raça, que já vinha sendo usado no interior do movimento negro como categoria social e não biológica de explicitação das desigualdades, invade a sociedade a partir da aplicação mais sistemática das políticas de cotas (principalmente no âmbito das universidades públicas). A questão das relações raciais ganha visibilidade e passa a ser objeto de debates públicos (com presença constante na mídia), articulados em torno da defesa ou da negação de sua legitimidade. O núcleo desses debates é a própria auto-imagem do país como nação racialmente democrática, idéia que passa a ser objeto de revisão . . Paralelamente aos trabalhos das ciências sociais, a literatura e o cinema também produziram visões sobre as relações entre negros, brancos e mestiços no Brasil. O cinema, desde o princípio, participa ativamente da construção de imagens sobre a nação. Tanto no sentido de afirmação de uma imagem que se pretende homogênea do país como de negação dessa imagem. O estudo da produção cinematográfica nacional, no que se refere às representações raciais, oferece um caminho para a compreensão do Brasil a partir de duas dimensões: de diagnóstico da realidade e de projeto para uma nova realidade. A identificação dos problemas sociais considerados mais relevantes pelos realizadores, bem como as soluções oferecidas por eles em suas narrativas expõem uma interpretação sobre os dilemas nacionais e as possibilidades de sua superação. Conflitos sociais, desigualdade, descriminação, entre outros temas, aparecem discutidos e formam o quadro de nossa auto-imagem nacional em certo momento. As representações são parte importante e necessária das formas de apreensão e reflexão sobre o mundo, ensejando possibilidades de adequação e reformulação da sociedade e do modo como as relações sociais são concebidas (Moscovici, 2003). Nos anos 2000, uma safra de filmes, entre eles, As filhas do Vento (2003), Quase Dois irmãos (2004), Quanto vale ou é por quilo (2005) e Cruz e Souza: o poeta do desterro (2000), tematizam diferentes dimensões do preconceito racial no Brasil. Imersos no ambiente nos novos debates sobre a questão (Guimarães, 2000), eles tomam como objeto de reflexão a dinâmica de estigmatização dos negros no Brasil e a respostas encontradas pelos atores sociais para enfrentar a situação. |
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Bibliografia | ANDERSON, Benedict. Nação e consciência nacional. São Paulo, Ática, 1989. ANDREWS , George Reid. Negros e brancos em São Paulo (1888 – 1988). São Paulo: EDUSC, 1998. BERNARDET, Jean-Claude; GALVÃO, M. Rita. O nacional e o popular na cultura brasileira: Cinema. São Paulo, Brasiliense/Embrafilme, S/D. CARVALHO, Noel dos Santos. Cinema e representação racial: O cinema negro de Zózimo Bubul. Tese de doutorado em sociologia. Universidade de São Paulo, 2006. FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala, Global Editora, 48º edição, São Paulo, 2003. GILROY, Paul. Entre campos: nações, cultura e o fascínio da raça. São Paulo: Annablume, 2007. GOLIOT-LETE, ANNE; VANOYE, FRANCIS. Ensaio sobre a análise fílmica. São Paulo, Papirus, 1994. GUIMARÃES, Antonio Sérgio A. Racismo e anti-racismo no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Editora 34, 2005. MOSCOVICI, Serge. Representações sociais: investigações em psi |