ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | O fenômeno da cultura participativa e a indústria de mídias |
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Autor | Maira Valencise Gregolin |
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Resumo Expandido | O presente trabalho propõe investigar um fenômeno da atualidade que estudiosos das relações entre mídias e sociedade denominam “ativismo transmídia”. Tal expressão foi cunhada pela pesquisadora Lina Srivastava e descreve as possibilidades que a narrativa transmidiática oferece para iniciativas de mudança social. A noção de “narrativa transmidiática” foi introduzida por Henry Jenkins (2003) a fim de nomear experiências narrativas que se expandem em várias plataformas. Esse fenômeno tem consequências que se evidenciam em aspectos culturais e econômicos.
A proliferação das mídias sociais e interativas e sua convivência com as mídias tradicionais nos faz perceber a fusão entre experiências realizadas em casa, pelo computador, pela mobilidade, etc. Essas plataformas fazem parte do cotidiano das pessoas e levarão a transformações em todos os sentidos da interatividade que hoje experienciamos (DINEHART, 2006 ). Para Jenkins (2003), as narrativas transmídiáticas funcionam como ativadores textuais que movimentam a produção, a recepção e o armazenamento de conhecimentos. O ativismo transmídia prevê ter pessoas conectadas pela causa, abrindo caminhos para o diálogo e chamando os talentos para engajarem no compromisso para a ação. Trata-se de uma estrutura narrativa particular que se expande em diferentes linguagens (verbal, icônica) e meios e distribuída físicamente em múltiplas plataformas. Existe assim uma oportunidade para ativistas influenciarem a ação e manterem a consciência pela distribuição do conteúdo multiplataforma. Trata-se de uma retomada da inteligência coletiva de Pierre Lévy, referindo-se a uma nova estrutura em que a produção/circulação do conhecimento acontecem em uma sociedade em rede e na qual os participantes agem de forma colaborativa para solucionar problemas. Para Jenkins, a participação ocorre nas interações sociais e culturais que ocorrem em torno das mídias. A sua dimensão impressionante faz com que a transmidialidade seja uma aliada das produtoras de conteúdos midiáticos e tem na origem avanços tecnológicos que fizeram surgir plataformas colaborativas que permitem a criação de comunidades, transformando as formas de interatividade e, consequentemente, o copyright, a concepção de narrativa, de autoria e de leitor/espectador/jogador/consumidor. Em suma, a transmidialidade é uma poderosa ferramenta para a consolidação de um determinado produto cultural que movimenta uma economia globalizada, No ativismo transmídia há o engajamento, o compromisso para a ação pela criação, doação, compartilhamento, inspirando ações sucessivas. O resultado disso é a formação de uma comunidade de conhecimento que se desenvolverá por meio de “espaços de afinidades”. Segundo Geoffrey Long, constitui-se um conjunto de estratégias que provocam no usuário o desejo de envolver-se com outras mídias e entender o processo das indústrias que dão forma a estes meios de comunicação. Neste contexto, usuários geradores de conteúdo, ativistas, têm feito chegar suas mensagens por meio deste conceito, de modo a senbilizarem as pessoas para as causas que defendem. Ao inserir a reflexão no campo dos estudos das mídias, objetivamos compreender a natureza do ativismo transmídia e efeitos que provoca para as discussões dessa área. Essa nova incursão em um tema ao mesmo tempo fascinante é um passo importante para a compreensão das inúmeras possibilidades abertas pelas tecnologias emergentes para a construção do conhecimento e das subjetividades na sociedade contemporânea. |
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Bibliografia | DENA, C. Emerging participatory culture practices: Player-created tiers in alternate reality games. Convergence: The International Journal of Research into New Media Technologies, 14(1), 41-57, 2008.
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