ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Crimes Contemporâneos – crítica social e policial na América Latina |
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Autor | Luiza Cristina Lusvarghi |
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Resumo Expandido | O sucesso internacional de filmes como “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite” parece ter inspirado no Brasil uma nova onda de seriados policiais e de ação - “Força-Tarefa”, “9 MM”, “A Lei e o Crime”, “Mandrake” que invadem as telas da TV. Mas a tendência não se resume ao Brasil. Os argentinos “Poliladrón” (CASTILLO, 2006), “Epitafios”, e a minissérie “Hermanos y Detectives” (Argentina, México, Espanha e Chile), ao lado dos mexicanos “O Pantera” (El Pantera) e “13 Medos” (13 Miedos), exibidos no Brasil pela CNT, e de “Capadócia”, produzido pela HBO, passam a compor o imaginário latino-americano do gênero com uma produção de ficção que fala de violência, de conflitos sociais, e trata temas urbanos de forma realista e ao mesmo tempo, se espelha na tradição destes gêneros no cinema mundial e, sobretudo, no americano. Esses seriados televisivos inovam com relação aos tradicionais melodramas característicos do formato telenovela, o mais popular da América Latina. Assim como ocorreu com os cop shows americanos na década de 50, são eles que introduzem na televisão os conflitos da pós-modernidade, com personagens mais realistas, um cenário distante dos folhetins eletrônicos e da fórmula fácil da ascensão social através do casamento, com finais felizes.
Distintos do modelo consagrado pela TV americana, cujo exemplo mais recente é a franquia Law and Order, os policiais latinos não conseguem ver o mundo em preto e branco, e na luta entre o bem e o mal, policiais e detetives por vezes se confundem com o caos que tentam ordenar. Filmes como “Tropa de Elite” 1 e 2, “O Segredo dos teus Olhos”, por sua vez, estão mais ancorados na tradição do cinema popular e de denúncia social de cinematografias locais do que propriamente nas categorias tradicionais de drama policial ou filmes de ação, cujo grande modelo ainda é o hollywwodiano. Desta forma, elas representam estruturas de sentimento que, a exemplo dos seriados policiais americanos dos anos 50, como “Dragnet”, tão inspiradas por legítimos anseios de uma sociedade mais democrática e menos corrupta, preocupada com a ética e os direitos humanos (MITTELL, 2004). No entanto, enquanto a crítica especializada trabalha esse registro de forma dispersa e por vezes ufanista, uma vez que na prateleira as cinematografias não-anglófonas são arquivadas como gêneros à parte, na prática filmes e seriados ganham o adjetivo de policiais. A categoria crimes contemporâneos, utilizada por Neale (2004) para abrigar, pode ser o melhor clichê para unir thrillers de suspense, filmes de ação e detetives, e gangster movies, categoria em que “Cidade de Deus” já foi enquadrado. É na televisão, contudo, que o gênero vai encontrar mais respaldo e se consolidar. Esse movimento no audiovisual corresponde ao surgimento de autores de uma novela policial noir ou negra, como preferem os críticos latino-americanos de fala hispânica, que já foi chamado de neopolicial latino-americano, reunindo um círculo de autores como Patrícia Melo, Rubens Fonseca, Marçal Aquino, Ramón Díaz Eterovic, Ricardo Piglia, com obras adaptadas para cinema e televisão. No entanto, as referências predominantes do gênero na televisão e no cinema parecem ser a literatura e cinematografia do gêneros mundiais, com uma prevalência das produções americanas. |
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Bibliografia | CASTILLO, Jimena Inés. Representación delictiva y series televisivas. Congresso ALAIC 2006, Ficcion Seriada y Telenovela. ECA-USP, São Paulo.
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