ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | La teta asustada e as novas formas do cinema em tempos de globalização |
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Autor | RITA DE CASSIA MIRANDA DIOGO |
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Resumo Expandido | O objetivo do nosso trabalho é apresentar o filme de Cláudia Llosa como uma produção latino-americana que ocupa o que Ana Pizarro chama de “zona de frontera” (2009). Segundo a pesquisadora, se por um lado, o fortalecimento da mídia estabelece uma separação clara nos “sistemas literario-culturales”, por outro, gera obras nas quais o midiático “se incorpora a lo ilustrado”. Neste sentido, ao mesmo tempo em que a diretora peruana opta por utilizar-se de alguns dos recursos característicos de uma “estética da resistência” (SHOHAT & STAM, 2006), lança mão também de elementos linguísticos reconhecíveis do grande público. Entre os primeiros, figura a recorrência ao real-maravilloso, quando então, ao mesmo tempo que se afasta da busca pela verossimilhança presente no cinema dito comercial, nos demonstra a atualidade deste conceito na caracterização das culturas latino-americanas em tempos de globalização. Ou seja, se considerarmos que o real-maravilhoso, concepção cunhada por Alejo Carpentier (1949), nasce da consciência da assimetria cultural entre países de passado colonial e aqueles de tradição imperialista, Claudia Llosa parece concordar que os vestígios desta diferença seguem vigentes em nosso continente. Assim, em nossa análise colocamos em diálogo as imagens do inca Guamán Poma en su Crónica y Buen gobierno (1614) com as imagens contemporâneas do filme La teta asustada (2009): se com as primeiras, seu autor nos brinda com o primeiro “filme” da Conquista do Peru, as cenas de Llosa nos falam das marcas de dita Conquista na modernidade de nosso continente. Quanto às características do discurso midiático presentes no filme em estudo, podemos identificá-las, por exemplo, na construção de uma história linear ou na presença de personagens que encarnam estereótipos como o do “vilão” ou o do “mocinho”, além da utilização do tema da usurpação de papéis, marcante neste discurso.
Segundo nossa hipótese, tanto a tradição oral do mundo andino, no caso de Guamán Poma, quanto a força da cultura audiovisual na modernidade tardia contribuem para construção e a grande repercussão que teve o filme La teta asustada. Sem abrir mão de recursos caracteristicamente midiáticos, Claudia Llosa dá visibilidade à uma nova história, cujas imagens assumem o papel da antiga ars memorativa (ROSSI, Paolo, 2003), cuidadosamente selecionadas para que não esqueçamos dos inúmeros tempos e espaços, interrupções e descontinuidades, dos quais somos feitos. |
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Bibliografia | BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. v. 1 Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo:
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