ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Cinema e Educação: uma reflexão sobre a produção audiovisual na escola |
|
Autor | Aldenira Mota do Nascimento |
|
Resumo Expandido | A prática educativa no século XXI implica em lidar com as diferentes tecnologias disponíveis, promovendo a reflexão e o fazer produtivo em sala de aula, de forma a contribuir para a formação crítica de crianças e jovens no espaço escolar. Nesse sentido esse painel tem como objetivo apresentar uma prática com o cinema vivida na escola trazendo algumas reflexões acerca do papel do cinema no cotidiano escolar em diálogo com pesquisadores que estudam as relações entre cinema e a educação.
O filme escolhido para esta análise foi o primeiro de uma prática que já tem dez anos. Por ser ter sido o trabalho inaugural, pretendo revisitar seu processo de criação, relatar meu papel como professora diante dessa experiência e os depoimentos das crianças, quando o vídeo já havia sido concluído, dialogando com os textos acadêmicos mencionados, a fim de identificar quais foram os pontos abordados por esses autores que estiveram presentes nesse processo de criação. Este trabalho foi realizado em 2001, em uma escola particular situada na zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, com uma turma de oitavo ano. Nessa escola as crianças estudavam em horário integral e tinha uma figura nova nesse contexto que era o professor de turma, um profissional que auxiliava as crianças nos estudos e realizavam projetos de acordo com a necessidade e interesse das crianças. O tema do filme, bem como o estilo adotado e todas as fases do processo desse trabalho foi uma escolha coletiva do grupo, muitas vezes mediada pela professora. Um dos aspectos a serem abordados no diálogo com essa produção que nos serve de marco da reflexão seria aquele proposto por Bergala, que tem como proposição pensar o filme como arte, como a marca de um gesto criativo dentro da escola. O autor afirma que um dos motivos que fazem com que os professores utilizem o cinema como uma ferramenta para finalidades pedagógicas é o medo (legítimo), pois nunca receberam uma formação específica nessa área (p. 27). Sendo assim: “O medo da alteridade muitas vezes nos leva a anexar um território novo ao antigo à moda colonialista, não enxergando no novo senão aquilo que já se sabia ver no antigo” (p. 38). Mesmo sendo uma professora vivendo pela primeira vez essa proposta de produção com meus alunos o “medo da alteridade” existia mas não foi paralisador do fazer, do arriscar trabalhar com uma nova linguagem antes desconhecida para mim dentro da sala de aula. Ao mesmo tempo – e talvez por não buscar finalidades pedagógicas – que trouxe o cinema para a sala de aula numa outra perspectiva. Outras reflexões que estarão presentes nesse diálogo são as apresentadas por Rosália Duarte que fala da importância de educar o olhar através da ampliação da diversidade cinematográfica, bem como propõe, juntamente com João alegria, uma reflexão sobre as relações entre educação e o cinema no Brasil, procurando pensar a formação estética audiovisual com uma possibilidade de olhar o cinema a partir da educação. A autora ressalta que: “ver filme é uma prática social tão importante, do ponto de vista de formação cultural e educacional das pessoas, quanto a leitura de obras literárias, filosóficas, sociológicas e tantas mais”. (DUARTE, 2002 apud FERNANDES 2010) Outro autor que dialogaremos é o cineasta Jean-Claude Carrière, que nos apresenta através da história as transformações da imagem até chegar na imagem em movimento, o cinema, e como alguns enquadramentos foi se tornando clichês desse processo criativo e que nos chama a atenção de buscar “inovar, ousar – e, de vez em quando, fracassar – para narrar e expor” (p.21). |
|
Bibliografia | BERGALA, Alain. A hipótese-cinema: pequeno tratado de transmissão do cinema dentro e fora da escola. Tradução Mônica Costa Netto, Silvia Pimenta. Rio de Janeiro: Booklink/CINEAD-LISE-FE/UFRJ, 2008.
|