ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Percepções do ser e da realidade: tempos e memórias em Sans Soleil |
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Autor | Edson Pereira da Costa Júnior |
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Resumo Expandido | Em seus estudos acerca das sociedades arcaicas, Mircea Eliade compreende a realização de rituais e gestos míticos como constituintes de uma concepção de mundo que valoriza o significado trans-histórico dos acontecimentos. Para aquelas sociedades, os ritos e outras cerimônias são dotados de um valor que transcende o ato físico para encontrar justificativa na repetição de um exemplar mítico.
Buscaremos entender o significado dos rituais e mitos levantados em "Sans Soleil" (Sem Sol, 1982) por meio da compreensão de que tais atos reforçam e colaboram para a conservação de uma memória coletiva que valoriza um modelo mítico em detrimento às particularidades e histórias pessoais. A execução das cerimônias está imbricada à percepção do tempo enquanto renovável, regenerável e, em determinadas comunidades, cíclico. Tais concepções, referentes às sociedades fundamentadas ou perpassadas pela realização de rituais e ações arquetípicas, são motivadas pela postura que o homem tem frente aos acontecimentos históricos ou, segundo Eliade, à recusa diante da irreversibilidade, do “terror da história”. A presença das tais manifestações ritualísticas e míticas em "Sans Soleil" será trabalhada em conjunto com a reflexão que Chris Marker, na figura de seu personagem Sandor Krasna, desenvolve sobre a memória individual – próxima à memória involuntária proustiana –, e sobre o pensar, em tom elegíaco, a respeito da transitoriedade e efemeridade do ser diante do tempo. Acreditamos, assim, que o filme trabalha com visões diferentes sobre a memória, o tempo, e a percepção do sujeito e da coletividade diante dos acontecimentos históricos. |
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Bibliografia | BERGSON, Henri. Matéria e memória: Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. 2 ed. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
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