ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Pão português – fermento de documentários |
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Autor | Ana Isabel Soares |
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Resumo Expandido | Na década de 50 do século XX, a Federação Nacional dos Industriais de Moagem encomendou a Manoel de Oliveira um projecto em que o realizador registaria e, película filmada um retrato das inovadoras tecnologias que se desenvolviam em Portugal naquela altura. O país passava por grandes transformações, desde os métodos tradicionais da fabricação do pão até às formas mais recentes e industrializadas, modos novos que iriam transformar profundamente os hábitos e, mais importante para o tecido fílmico, a paisagem do país. Oliveira interessou-se por construir uma visão comparativa desses dois modos: entre 1957 e 1958, correu Portugal em busca das tradições da colheita do trigo, da moagem, do fabrico do pão. Até então, a paisagem dos seus filmes era predominantemente urbana e industrial. O olhar que dirigiu para o interior rural do país permitiu-lhe contactar com um sentido mais profundo e arreigado da cultura popular nacional, que resultaria em duas versões de O Pão (de 1959 e de 1964), e na obra híbrida Acto da Primavera (1963).
Pela mesma altura, um outro director oriundo da região do Porto, António Reis, percorria Portugal para captar em gravações áudio, fotografias e poemas, aquilo que entendia ser a essência do povo português. A sua tentativa levou a que o etnólogo Michel Giacometti se interessasse pela cultura tradicional portuguesa e aqui desenvolvesse o seu incontornável de trabalho de musicologia. Pretendo nesta comunicação destacar certas características das obras de Oliveira e de Reis, de modo a dar a ver até que ponto o documentarismo português de hoje deve à relação do olhar quantas vezes nostálgico dos realizadores para o passado e as realidades menos conhecidas do seu próprio país. |
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Bibliografia | José Manuel Costa, "Novo documentário em Portugal", in Documentário em Portugal, dossiê de folhas não numeradas, Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, Março de 1999.
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