ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | O webdocumentário no Brasil: produção e difusão do formato |
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Autor | Egle Müller Spinelli |
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Resumo Expandido | Desde o estabelecimento oficial da WWW (World Wide Web) em 1991, as mídias tradicionais começaram a migrar para a internet e se iniciou um processo de recodificação de novos modelos de gestão de conteúdo. Antes, para colocar um vídeo na internet era necessário um conhecimento de linguagens como HTML para alocá-lo em uma página na web e de um provedor para mantê-lo online. Com a chegada de plataformas gratuitas de compartilhamento de conteúdo como os blogs (wordpress, blogger) e, específicos na área de vídeo, como o youtube e vimeo, ficou muito mais simples a publicação, pesquisa e visualização de vídeos na internet.
Atualmente, é possível assistir a documentários na íntegra ou visualizar segmentos de uma produção, o que amplia o contato com trabalhos realizados no mundo inteiro por meio da internet. Neste sentido, a web permite um maior acesso, produção e difusão de produções documentais, o que muitos denominam de webdocumentário. Alguns documentários veiculados na web são realizados para serem assistidos de maneira linear, mas diferente do que ocorre nas mídias televisão e cinema, são transpostos para uma plataforma digital, que compartilha e permite a visualização instantânea dos vídeos (on demand). Atualmente, muitos projetos são concebidos especialmente para a web, o que permite um novo campo de trabalho e exploração para os documentaristas. A evolução técnica de softwares e hardwares também impulsiona o desenvolvimento de experiências multimídias documentárias que exploram uma temática sob várias perspectivas por meio da utilização de diferentes meios como texto, áudio, fotografias, infográficos e animações, mas priorizam o uso do vídeo documentários na sua constituição. Segundo Ribas (2003, p. 110-1) “a convergência de formatos e a capacidade praticamente ilimitada de armazenamento de dados facilmente recuperáveis confere a distinção entre um webdocumentário e um documentário produzido para cinema e televisão”. Vinte anos após a criação oficial da WWW, produções de webdocumentários podem ser encontradas tanto em projetos realizados por grupos de comunicação que produzem mídias tradicionais como jornais e emissoras de TV, bem como trabalhos ligados a institutos, universidades e produtoras independentes que criam conteúdos para serem distribuídos em várias plataformas como internet e celulares. No Brasil, incursões com uso da web como ferramenta para a proposição de projetos que exploram a linguagem documentária são encontrados, por exemplo, nos trabalhos do cineasta e documentarista Jorge Bodanzky. O realizador produziu para a web desde a série de documentário Pele Verde (2009 - youtube.com/user/peleverdedoc), como concebeu a TV Navegar (tvnavegar.com.br), uma web TV de temática socioambiental com foco na Amazônia. Outras produções webdocumentais são as da Agência Brasil, um portal de notícias públicas que existe desde 2003, mantido pelo governo brasileiro e administrado pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que realiza documentários com ou sem integração. Já o site webdocumentário realizado pela produtora brasileira Cross Content, prioriza a concepção de webdocumentários interativos e também traz informações sobre diversos projetos multimídias que exploram o formato. Como definido no site webdocumentario.com, "o webdocumentário se aproveita da linguagem documental criada para o cinema e para a televisão e a adapta para a web, potencializando a capacidade de interação ao romper com a linearidade da narrativa, já que o internauta pode escolher o que ver e em que ordem ver". A partir destas experiências, pretende-se fazer uma reflexão de como o documentário encontra caminhos a serem percorridos por meio da web e como estes projetos brasileiros modificam as relações de produção e difusão do formato. |
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Bibliografia | DA-RIN. Silvio. Espelho partido. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2004.
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