ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Santo Agostinho no cinema e na televisão |
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Autor | Miguel Serpa Pereira |
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Resumo Expandido | Exibido, em duas partes, em 25 de outubro e 1° novembro de 1972, no horário 21h30m, no primeiro canal da RAI, Agostino D´Ippona faz parte de uma série de filmes feitos para a televisão por Roberto Rossellini. Em uma carta sem destinatário explícito, a indicação de Adriano Aprà é de que foi para Peter Wood, Rossellini fala de seu projeto para a televisão como sendo de “educação permanente”. Sobre Santo Agostinho diz que além do santo, seu filme mostra também “a história da queda do Império Romano, o fim de uma civilização e o nascimento de uma outra”. O cineasta italiano justificava seu interesse por esse tipo de produção para a televisão, invocando Comenius ao falar da educação como a rainha das artes. Dizia também que era fundamental um método de ensinar como uma espécie de mapa de navegação. Rossellini concluía, citando ainda Comenius, que era preciso ensinar com imagens diretas, visíveis, e não apenas com discursos.
Dos filmes que fez para a televisão, Agostino D’Ippona é nitidamente uma produção que trabalha mais com as elipses espaço-temporais do que com visibilidades históricas rígidas. Cenários se misturam, caminhos e movimentos de cena se repetem, enfim, o filme demonstra um certa precariedade nas imagens. Parecem rebaixadas, assim como as interpretações dos atores. Essas estratégias são, no entanto, contrapostas a certas sutilezas presentes nos momentos em que o pensamento é confrontado e Agostinho afirma sua grande astúcia para enfrentar as batalhas da razão. Não apenas no caso dos donatistas, a revisão cristã mais forte de Hipona, como nas afirmações relativas ao núcleo de uma filosofia cristã. O sentido da busca da felicidade razão inerente ao filosofar e outros aspectos da condição humana são tratados no filme de Rossellini de modo a nos propor dilemas que não se apagam num tempo, mas deixam seu rastro para todos os tempos. O texto pretende mostrar como o filme de Roberto Rossellini traz o pensamento de Santo Agostinho para o contemporâneo como um processo de relação entre fé e razão. Um de seus temas prediletos, a beatitude, segundo José Américo Motta Pessanha, “não foi encontrado por Agostinho nos filósofos clássicos que conhecera na juventude, mas nas Sagradas Escrituras, quando iluminado pelas palavras de Paulo de Tarso. Não foi fruto de procedimento intelectual, mas ato de intuição e fé”. Assim, do neo-platonismo à racionalidade perdida do ambiente contemporâneo, Rossellini nos propõe um Agostinho fiel ao princípio da imanência e da vida no mundo. |
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Bibliografia | AGOSTINHO, Santo. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
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