ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | A TV Cultura de São Paulo e a produção de documentários (1969-2004) |
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Autor | Flavio de Souza Brito |
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Resumo Expandido | Enfocaremos aqui as estratégias metodológicas utilizadas para abordar um conjunto audiovisual que supera 2500 títulos, estimativa que ao final da pesquisa ainda é imprecisa, mas que em seu início sequer era mensurável, assim como algumas das conclusões obtidas a partir desse acervo. As hipóteses principais referem-se a participação do documentário no organograma da emissora e na grade de programação, buscando ainda identificar uma estética e um modelo de produção própria.
Foi definida como delimitação cronológica para a realização desta pesquisa o início da programação da emissora (1969) e o final da gestão de Jorge Cunha Lima (2004), não apenas por representar o final de uma longa gestão frente à emissora, com as consequentes alterações no quadro de profissionais (incluindo na área dedicada ao documentário), mas também por marcar a implementação de um novo modelo de fomento e exibição no campo do documentário: o lançamento da primeira edição do Programa DOCTV em 2004. Dentro desse grande intervalo, inicialmente revisamos as definições historiográficas e os marcos cronológicos adotados nas pesquisas já realizadas e naqueles estabelecidos pela própria emissora através de suas publicações e programas especiais, buscando identificar a presença e participação da produção documentarista na grade de programação, em sua estrutura produtiva, assim como na percepção dos profissionais que dela participaram. No entanto os catálogos existentes encontram-se em diferentes fontes, impressas e eletrônicas, dificultando uma recuperação sistemática dos dados (por data, equipe, etc.). Diante disso a opção adotada foi a de construir um banco de dados controlado e migrar todas as informações obtidas para essa nova base; assim foi possível revisar os dados, eliminar duplicidades, padronizar fichas técnicas, confrontar dados com os programas visionados, entre outras ações que precedem qualquer interpretação sistemática. Pudemos assim observar as influências das relações políticas institucionais em pelo menos 5 níveis, repercutindo sensivelmente (ou cujas influências puderam ser detectadas) na produção documentarista da emissora: governo federal, governo estadual, presidência da emissora (e conselho curador), equipes intermediárias (gerências, diretores de programas, produtores, pesquisadores) e as equipes técnicas (cinegrafistas, câmaras, editores). Constatamos que essas interferências não se deram de forma mecânica, nem sincrônica, e muito menos sem conflitos. Ao mesmo tempo, ademais as profundas transformações políticas pelas quais passou o pais, entre as equipes intermediarias e técnicas observamos profissionais com mais de 20 anos de trajetória na emissora. Além dos documentários isolados, a possibilidade de realização de grandes séries constituiu um dos principais diferenciais e méritos da televisão pública, em especial da TV Cultura, revelando inicialmente uma determinação de pautas de longa duração bastante livre, propostas pela direção, pelas equipes de produção ou por circunstâncias conjunturais, dispondo de tempo de pesquisa, elaboração e recursos dificilmente disponíveis em emissoras privadas brasileiras. Ao possibilitar a intersecção de grande parte dessas preocupações, a escolha da produção de documentários realizada pela TV Cultura de São Paulo como objeto desta pesquisa buscou contribuir com os diversos estudos sobre a emissora, assim como, de forma mais ampla, demonstrar sua importância na história do cinema e do vídeo documentário e na memória da televisão brasileira, que permanecem merecendo pesquisas extensas. |
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Bibliografia | ANDRADE, João Batista de. O povo fala: um cineasta na área de jornalismo da TV brasileira. Säo Paulo, Editora SENAC, 2002
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