ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Globo filmes para um Globo público: um cinema com padrão de qualidade |
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Autor | Flávia Seligman |
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Resumo Expandido | Nos anos de 1960 e 1970, quando a Rede Globo de Televisão investiu na construção de um padrão de qualidade que lhe permitiu tornar-se a maior rede do país, imprimiu-se à produção televisiva nacional uma estética bem cuidada e que pudesse contentar um público heterogêneo, mais precisamente a classe média burguesa que, a partir da configuração sócio econômica dos governos militares, era o público que consumiria a televisão e todos os seus produtos. A este perfil de produção deu-se o nome de Padrão Globo de Qualidade.
Por ser um veículo voltado para a família e para a casa, a televisão foi então adaptada à rotina familiar, com a criação de uma grade de horários e principalmente com a adequação do conteúdo. Ao longo dos anos 70 a Globo se empenhou em renovar e aprimorar sua programação, recebendo incentivos financeiros e técnicos (como os provenientes do acordo com o grupo Time-Life, em 1962, que proporcionou à emissora carioca a compra de equipamentos e o treinamento de técnicos nos Estados Unidos) e tornando-se a maior emissora do país. “(...) em 1973, começou a consolidar o que ficaria conhecido como ‘padrão Globo de qualidade’, um modelo de televisão mais apropriado aos novos tempos.(...) Essa nomenclatura não foi criada pela emissora, mas sua prática sim. A TV Globo passou a submeter sua produção a um conjunto de convenções formais que garantiu um estilo próprio à sua programação. Quando a emissora completou 15 anos, Artur da Távola, numa matéria especial do jornal O Globo, ressaltou as qualidades da sua produção: ‘ordem, arrumação, bom gosto médio, harmonia burguesa, espetáculo de vídeo quente, vale dizer, o mais planejado e controlado’.” (RIBEIRO e SACRAMENTO, 2010, P.119) Atenta às novas configurações da produção audiovisual no país, em 1998 a Globo criou seu braço cinematográfico, a Globo Filmes, uma empresa pensada, num primeiro momento, para para acumular as funções de coprodutora e distribuidora de longas-metragens nacionais, partindo posteriormente para a produção em si. Com um parque industrial já formatado e consolidado e uma constelação de astros e estrelas capazes de fazer bilheteria independente da história desenvolvida na tela, nos últimos anos a Globo Filmes participou de todos os grandes sucessos nacionais, de uma forma ou de outra. Atuando de diversas maneiras em produção, co-produção, lançamento ou simplesmente entrando com a midia, a empresa é responsável por imprimir um perfil cinematográfico bastante próximo da qualidade adotada pela programação televisiva. Neste trabalho vamos analisar dois exemplos recentes, do ano de 2010. Tratam-se dos filmes O Bem Amado, de Guel Arraes e Chico Xavier, de Daniel Filho. Ambos diretores de televisão com grande transito também no cinema, responsáveis por sucessos nas duas áreas. Os filmes, embora de gêneros diferentes, foram pensados para atingir um grande público. O Bem Amado fez, segundo dados da ANCINE, um público de 953.231 espectadores desde seu lançamento em julho de 2010. Em janeiro de 2011 o sucesso continuou desta vez como uma microsserie que segundo a própria Rede Globo “Um dos maiores sucessos do cinema nacional em 2010, o filme “O Bem Amado”, do diretor Guel Arraes, ganha versão para a televisão em quatro capítulos e será exibido pela Rede Globo entre os dias 18 e 21 de janeiro, logo após Big Brother Brasil. Ao todo, a microssérie O Bem Amado terá 26 minutos além dos 107 originais. Com cenas extras, as tramas paralelas do filme ganharam mais destaque e a edição modificou o ritmo da narrativa.” (http://redeglobo.globo.com/novidades/series/noticia/2011/01/o-bem-amado-filme-ganha-versao-para-tv-partir-de-terca-feira-dia-18.html) Já Chico Xavier contou com um público bem maior, visto que atingiu a grande comunidade espírita brasileira e seus simpatizantes. O filme que estreiou em abril de 2010 fez 3.412.663 espectadores e virou também microsserie com quatro episódios e uma hora a mais de conteúdo, a partir de 25 de janeiro de 2011. |
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Bibliografia | BORELLI, Silvia H. S. e PRIOLLI, Gabriel. A deusa ferida: porque a Rede Globo não é mais a campeã de audiência. São Paulo: Summus, 2000.
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