ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Estética, sonho e morte. Cipriano: uma produção piauiense |
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Autor | Adriana Galvão |
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Resumo Expandido | Esta pesquisa é o foco de um estudo que pretende demonstrar a conformação de uma estética audiovisual piauiense, que tem sua maior representatividade nas obras de Douglas Machado (1964 -), um artista que ingressa como documentarista na cidade de Teresina/PI. Sua inserção no contexto de produção imagética no universo do vídeo e da televisão da cidade, possivelmente foram as bases empíricas que delinearam o perfil de seu trabalho, uma estética própria que pode ser estabelecida antes e depois de Cipriano (2001, 70min), considerado o primeiro longa-metragem piauiense. Douglas é um artista que transita com segurança e tranquilidade entre uma gama de estilos e técnicas, conforme tem sido estudado em sua produção em vídeo, cinema e televisão. Sua temática versa sobre realidade do nordestino, literatura, música e dança. Sua formação inclui sucessivas sessões de cinema somadas a sua experiência com produção televisiva, e em cursos e viagens para a Suécia e Espanha. No ano de 1987 ingressa para a TV Antares, afiliada da Rede Brasil, onde permaneceu por 3 anos e teve a oportunidade de produzir e exibir seu primeiro documentário: O navio do sal (1987), exibido em rede nacional. Aos 33 anos Douglas realiza Cipriano, seu primeiro longa-metragem, um filme ficcional, com total independência artística. Atuou como roteirista, diretor e co-produtor. Ele mesmo realizou o storyboad, com desenhos feitos à mão, simétricos, rigorosos e precisos, que expressam as indicações dos recortes e movimento para a câmera, da luz, das sinalizações com setas em movimento. As três tiras por página, características compositivas que remetem às HQ’s e ao cordel, impressionam pelo rigor. Orçado em pouco menos de 100.000 reais, foram rodados ao todo 42 rolos de película S-16mm, que foram revelados e escaneados para o formato BetaSP e editado em Avid. Conceitualmente, o trabalho teve início em 1995, quando foram gravados os cânticos de incelências e benditos pelo interior do Piauí, que acabou por se tornar o ponto de partida para o início do projeto, transformado em roteiro de ficção. O filme trata de uma viagem pelo imaginário nordestino, e transita entre dois temas: a morte e os sonhos, com personagens carregados de existencialismo. Até sua primeira exibição pública em DVD foram 6 longos anos. Exibido em vários estados, recebeu a alcunha de primeiro longa-metragem piauiense pelo pesquisador Antonio L. da S. Neto (2002). Chegou aonde nenhuma outra produção audiovisual piauiense sequer imaginou. Além de todos os aparatos estéticos que encontram-se inseridos na narrativa fílmica, não representa apenas o primeiro longa do estado. Há a preocupação com a forma, com as palavras, com o (in)visível, seja pelo significado regional das paisagens do semblante nordestino, seja pelo caráter poético da obra ou por sua fotografia impregnada de contrastes, através de uma paleta vermelho fogo em diálogo com a aridez do vento cortante, metaforizando o silêncio do personagem Vicente, o sertanejo que é levado ao cemitério pelos filhos, na espera da morte. Atualmente, após quase quatro décadas de realização audiovisual na cidade de Teresina, torna-se necessário delinear uma estética própria, que identifique o cinema piauiense e o localize no contexto de produção cinematográfica nacional, a fim de dar voz a seus artistas, veicular e tornar público seus trabalhos. Nesse sentido, devido a importância alcançada pelo filme Cipriano, por sua estética autoral com nítidos contornos artísticos, buscam-se significados visuais que o traduzam na localização histórico-cultural do Piauí. A peregrinação dos personagens Bigail e Vicente se relaciona diretamente com a jornada de realização do filme, que poderia ser considerado um marco zero do cinema no Piauí. Douglas conta com uma extensa produção audiovisual, sendo 3 longa-metragens, 3 curta-metragens, 23 documentários, 6 vídeos musicais, vídeos educativos, de dança, campanha publicitária, programa de TV dentre outros formatos, estilos e gêneros. |
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Bibliografia | CIPRIANO. Direção, Roteiro e co-produção: Douglas Machado. Trilha sonora: Peter Lloyd. Fotografia: Mattias Högberg. Arte e Figurino: Áureo Tupinambá. Edição: Mauro Adamczyk. Elenco: Chiquim Pereira, Vilma Alcântara, Fernando Freitas, Dona Rosa, Dona Maria, Dona Cotinha, Jorge Sankler, Jorge Carvalho e Tarcisio Prado. Brasil, 2001. DVD (70min.) CURY, David. Inútil paisagem? In: Revista Cipriano. Publicação independente do filme Cipriano. Trinca Filmes, Teresina. 2001 LAGO, Thaís Miranda, PORTELA, Leonardo Evandro de Carvalho Dias Portela. CineREX: de um passado de brilho e glamour a um presente de esquecimento e decadência (1939 - 2002). In: História da Arte e da Arquitetura do Piauí. Instituto Camilo Filho. Teresina: 2005. MACHADO, Douglas. Entrevista concedida à Adriana Galvão em 03.04.2011. |